Revolução dos Beagles: prefeitura de São Roque suspende alvará de funcionamento do Instituto Royal

Pé no freio – A prefeitura de São Roque, no interior de São Paulo, suspendeu temporariamente nesta sexta-feira (25) o alvará de funcionamento do Instituto Royal, que há dias foi invadido por ativistas que levaram do local 178 cachorros da raça Beagle que eram usados em pesquisas científicas. O prefeito Daniel de Oliveira Costa determinou a suspensão após receber documentos da comissão externa criada pela Câmara dos Deputados para acompanhar as investigações do caso

Nesta sexta, a comissão visitou o local de onde foram levados os Beagles e, de acordo com os parlamentares, os documentos entregues ao prefeito comprovam os maus-tratos. O Instituo Royal nega as denúncias feitas pelos ativistas. O prefeito vistoriou o laboratório na quinta-feira (24) e autorizou a continuidade dos trabalhos do Royal, mas recuou em sua decisão.

A direção do instituto enviou à prefeitura carta confirmando a suspensão temporária das atividades do laboratório. “O Instituto Royal vem a público declarar que suspendeu, pelo prazo de 60 dias, todas as atividades de pesquisa científica em animais, em razão dos danos físicos causados em suas instalações decorrentes da invasão em sua sede no último dia 18 de outubro”, informa a nota.

Presidente da comissão externa da Câmara, o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB) disse que nada indica “que a instituição atuava de forma séria”. “Ambiente totalmente insalubre, até passei mal no local. Tive tontura e dor de cabeça”, destacou o parlamentar.

O Ministério Público investiga o Instituto Royal desde 2012, quando os testes com animais levantaram suspeitas de maus-tratos, mas somente após a invasão é que o caso ganhou o noticiário nacional. Na sequência, um protesto marcado pelas redes sociais culminou com manifestantes enfrentando policiais militares nas proximidades do instituto. Por ocasião do enfrentamento, carros da polícia e da imprensa foram incendiados.

Royal nega acusações

O diretor científico do Instituto Royal, João Antônio Pegas Henriques, nega que os bichos sofressem maus-tratos. “Nossos animais não sentem dor. Não é feito nenhum tipo de teste com crueldade. Seguimos todas as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Inmetro e da Comissão de Ética no Uso de Animais, além de termos a supervisão do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal.”

De acordo com Henriques, na invasão os manifestantes misturaram todas as drogas e as lâminas de pesquisas, levaram computadores com dados dos estudos que já duravam dez anos.

Pegando carona

É importante destacar que as autoridades paulistas têm competência de sobra para investigar o caso, sendo desnecessária a comissão externa criada pela Câmara dos Deputados. Há em vigência lei que regulamenta o uso de cobaias em pesquisas científicas, bastando apenas a sua devida aplicação.

Essa comissão externa é mero oportunismo da Câmara, pois não se pode esquecer que o próximo ano será de eleições, inclusive para o Legislativo federal. E nada melhor para um candidato do que pegar carona em inocentes e apaixonantes Beagles.