Acordo político garante a votação do projeto do Orçamento Impositivo no plenário do Senado

Dinheiro em caixa – Um acordo selado entre parlamentares garantiu a votação do Orçamento Impositivo no plenário do Senado Federal. É a última etapa a ser vencida pelo projeto, que não apenas obrigará o Executivo federal a pagar a totalidade das emendas parlamentares, deixando de lado o escambo político, mas abrirá uma enorme avenida para oficializar o esquema entre os chamados representantes do povo e as empreiteiras.

Até o surgimento do projeto do Orçamento Impositivo, eram negociadas as emendas cujos pagamentos contavam com a anuência do Palácio do Planalto. Com as novas regras, todas as emendas serão passiveis de negociação, uma vez que no Brasil campanha política custa caro e um mandato eletivo vale muito dinheiro.

Um dos parlamentares preocupados com a inevitável oficialização do balcão de emendas, após a aprovação do projeto do Orçamento Impositivo, é o senador pernambucano Jarbas Vasconcelos, um conhecido e contundente dissidente da bancada peemedebista. Crítico ácido do governo de Dilma Vana Rousseff, o senador pode se transformar em pedra ainda maior no caminho do PT, em especial na empreitada da presidente pela reeleição. Ex-governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos será uma ponta de lança na campanha de Eduardo Campos, pré-candidato do PSB ao Palácio do Planalto.

Quando um destacado integrante da classe política externa preocupação com o futuro das emendas parlamentares, ganha força a tese de que mandato eletivo é negócio, até porque uma campanha rumo ao Congresso Nacional, por exemplo, custa muito dinheiro.

Para que o eleitor compreenda a extensão do escárnio, um candidato a deputado federal por qualquer estado do Nordeste e filiado a partido de porte mediano terá de desembolsar pelo menos R$ 50 por voto. Ou seja, uma eleição com 160 mil votos custa, na melhor das hipóteses, R$ 8 milhões.

O mais interessante nessa conta que não fecha jamais é que, após gastar tanto dinheiro em apenas três meses de campanha, o eleito receberá R$ 1,4 milhão bruto em salários ao longo de quatro anos de mandato. Como a política não abre espaço para patriotismo e diletantismo, o melhor é se convencer que qualquer mandato é negócio dos bons.