Alckmin precisa abandonar o faz de conta e divulgar os resultados das investigações sobre a Siemens

Chave de cadeia – A prisão dos condenados na Ação Penal 470 (Mensalão do PT) tomou conta do noticiário nacional, mas é preciso abrir espaço para outros casos de corrupção que corroem a nação. Nesse rol está o caso Alstom-Siemens, acusadas de práticas nada ortodoxas na relação comercial com o Metrô de São Paulo e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

A Justiça suíça condenou, por lavagem de dinheiro, o engenheiro brasileiro João Roberto Zaniboni, ex-diretor da CPTM nos governos dos tucanos Mário Covas e Geraldo Alckmin. A Justiça em Genebra aplicou multa a Zaniboni e confiscou “seus bens” no país europeu. Nesse De acordo com investigação do Ministério Público da Suíça, foram realizadas transferências financeiras para a conta Milmar, no Credit Suisse de Zurique e de titularidade de Zaniboni. O dinheiro depositado era proveniente de propina paga pelos serviços de melhoria de 129 vagões da CPTM pela empresa francesa Alstom.

Em relação à alemã Siemens, acusada de liderar um cartel para fornecimento de material metroferroviário às duas empresas do governo paulista, a situação não é diferente. Ex-diretor técnico da divisão de transportes da Siemens, o engenheiro Nelson Branco Marchetti declarou à Polícia Federal ter sofrido “pressão” de setores do governo de São Paulo, em 2008, para que a empresa alemã desistisse de ingressar com recursos administrativos e medidas judiciais contra a escolha da concorrente espanhola CAF, no processo de licitação de aquisição de 320 vagões para a CPTM.

Marchetti é um dos seis executivos que trabalharam na Siemens e assinaram acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para revelar a ação de carteis no setor metroferroviário que teriam conquistado licitações milionárias nos governos tucanos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, de 1998 a 2008. A PF investiga suposto esquema de corrupção.

O governador Geraldo Alckmin continua postergando a divulgação dos resultados de um levantamento feito por uma comissão externa, contratada pelo governo de São Paulo, para apurar eventuais irregularidades em contratos firmados com o Metrô e a CPTM. Alckmin insiste em afirmar que no caso em questão o governo paulista é vítima e exigirá ressarcimentos dos prejuízos, mas é preciso saber quem foram os responsáveis pelas ilegalidades. Por certo o cartel liderado pela Siemens não atuou sem a complacência criminosa de algum servidor público ou funcionário de confiança.

Candidato à reeleição em 2014, Alckmin tem preferido tratar do assunto com seus conhecidos punhos de renda, com o objetivo de evitar que a lama da corrupção alcance sua campanha. Usar o programa político do PSDB para anunciar ao telespectador que o governo tomou as providências necessárias é perda de tempo, pois é preciso identificar os criminosos que agiram foram da lei. O tucanato precisa deixar a soberba de lado e cortar na própria carne, se for o caso. Resta saber se no partido há corajoso para tanto.