Bachelet sai na frente, mas presidenciáveis chilenas disputarão segundo turno

Disputa nova – Primeira mulher a governar o Chile entre 2006 e 2010, a socialista Michelle Bachelet (à esquerda na imagem) obteve cerca de 47% dos votos válidos. Com quase 100% das urnas apuradas, ela ficou pouco abaixo da maioria simples necessária para evitar o segundo turno, com uma campanha baseada em promessas de reduzir o “abismo” entre pobres e ricos no país.

Bachelet registrou ampla vantagem sobre a principal concorrente, a candidata da situação, Evelyn Matthei, com quem ela disputará o segundo turno no dia 15 de dezembro. Postulante de centro-direita, a ex-ministra do Trabalho do atual governo conquistou 25% dos votos, uma das taxas mais baixas obtidas por um candidato da coalizão conservadora governista desde o retorno da democracia ao Chile, em 1990.

Matthei, de 60 anos, começou a corrida eleitoral relativamente tarde. Segundo observadores, ela não conseguiu sucesso suficiente e também não foi ajudada pela baixa popularidade do presidente conservador, Sebastián Piñera.

Ainda assim, a soma dos votos de Matthei com os outros oito candidatos que disputaram o primeiro turno impediu a vitória de Bachelet já na primeira rodada das eleições.

O escrutínio registrou o maior número de candidatos (9) à Presidência da história política do país e também foi o primeiro a ser realizado com um novo sistema de voto voluntário, que substitui a antiga obrigatoriedade de votar. A participação eleitoral foi de 56%, segundo afirmou o presidente Piñera. Votaram 6,6 milhões de pessoas de um total de 13,5 milhões de eleitores – número abaixo de médias históricas no país.

“Sabíamos que o desafio de ganhar no primeiro turno era complexo, e fizemos um esforço enorme, considerando a quantidade de candidatos e o voto voluntário. Estivemos muito perto de conseguir”, discursou Bachelet, no centro da capital chilena, Santiago. “Vamos trabalhar para conseguir uma vitória decisiva e contundente em dezembro.”

Descontentamento

A ex-presidente de 62 anos procurou construir a própria campanha eleitoral utilizando o descontentamento da população chilena com as políticas sociais do governo de Piñera, que enfrentou protestos estudantis de grande escala exigindo mudanças na educação pública em 2011.

Bachelet quer entrar para a história como a presidente que corrigiu as desigualdades sociais através de reformas profundas na educação e no sistema tributário para financiar essas remodelações, no país que registra o pior índice de distribuição de renda entre os 34 países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Mas o sucesso da política de Bachelet irá depender da consolidação de uma base sólida no Congresso para que consiga aprovação de suas reformas.

Aos 25 anos, ex-líder estudantil é eleita deputada

As eleições no domingo também renovaram 120 cadeiras na Câmara dos Deputados e de 20 dos 38 postos no Senado.

O destaque ficou por conta da eleição de Camila Vallejo, uma das líderes do movimento estudantil chileno, juntamente com mais três dirigentes universitários. O resultado é considerado uma mudança de geração na política nacional.

Vallejo, de 25 anos, ganhou fama internacional como um dos rostos mais conhecidos do movimento que lutava por educação gratuita e de melhor qualidade no país. A vitória da militante comunista é tida como fundamental para que a Nueva Mayoría, coalizão de centro-esquerda encabeçada por Bachelet e que reúne desde democrata-cristãos até comunistas, consiga uma presença mais sólida nas duas casas do congresso chileno. (Com agências internacionais)