Capa preta – Ex-assessor especial de Gleisi Hoffmann (PT) e preso desde agosto pelo envolvimento em 38 crimes sexuais (estupro de menores, 26, estupro de vulneráveis, 17, favorecimento a prostituição e uso de cargo público para obter sexo), Eduardo Gaievski terá sua primeira audiência na Justiça na próxima quinta-feira (21).
Com grandes chances de ser condenado à prisão durante algumas décadas (o médico Roger Abdelmassih, acusado de 38 estupros foi condenado a 278 anos de cadeia), Gaievski enviou recados ameaçadores para o PT. Exigiu assistência jurídica “padrão FIFA”. Há 15 dias, sua defesa foi assumida pelo escritório do advogado Elias Mattar Assad, considerado o criminalista mais caro do Paraná. Os novos defensores de Gaievski têm garantido que ele passará o Natal em casa, sinalizando que obterão o relaxamento da prisão provisória do pedófilo.
Juristas que avaliaram o caso do ex-assessor da Casa Civil, que foi encarregado por Gleisi Hoffmann de comandar as políticas do governo federal relativas a menores, têm dúvidas quanto à possibilidade de Gaievski ser colocado em liberdade até meados de dezembro. Lembram que o ex-assessor demonstrou diversas vezes sua periculosidade e disposição para intimidar testemunhas, mesmo estando atrás das grades.
Em setembro, quando estava detido no Centro de Triagem de Curitiba, Gaievski foi denunciado pela revista Veja. A publicação teve acesso a e-mails enviados pelo pedófilo, a partir do cárcere, contendo orientações a seus advogados sobre como localizar e pressionar testemunhas para que mudassem seus depoimentos. Depois desse episódio, o monstro da Casa Civil foi transferido para a Casa de Custódia de Curitiba, que tem regime mais rigoroso, mas não interrompeu suas tentativas de intimidar testemunhas.
No final de outubro, o filho de Gaievski, André Gaievski, e o advogado Fernandes Borges, secretário de Administração da prefeitura petista de Realeza (cidade onde Gaievski foi prefeito duas vezes, entre 2005 e 2010), foram presos em companhia das mães de duas meninas estupradas pelo pedófilo. O quarteto estava a caminho de um cartório onde seriam registrados depoimentos inocentando o ex-assessor de Gleisi. Junto com André Gaievski e Fernandes Borges, a polícia apreendeu dinheiro que teria sido usado para subornar as mães das vítimas.
Na sequência, a Justiça determinou a prisão dos irmãos de Gaievski, Edmundo Gaievski e Francisco Gaievski, também envolvidos em operação para intimidar testemunhas e mudar depoimentos das vítimas. Para que os advogados “padrão FIFA”, contratados pelo PT para defender o pedófilo, cumpram sua promessa de levá-lo para passar o Natal em casa, a Justiça precisará se convencer que Gaievski deixou de representar uma ameaça às próprias vítimas.
Além de acreditar que Eduardo Gaievski deixou de ser perigoso, a Justiça, para soltar o pedófilo, precisará acreditar na hipótese de que, uma vez solto, o ex-assessor especial da Casa Civil voltará a se apresentar à Justiça quando convocado. Por ocasião de sua prisão, no início de agosto, Gaievski estava na última etapa de sua fuga. Foi capturado em Foz do Iguaçu, prestes a atravessar a fronteira para o Paraguai, onde tem parentes e negócios. A situação é, em tudo, semelhante à do médico Roger Abdelmassih, que ganhou o direito de responder ao processo em liberdade. Fugiu e ninguém mais teve notícias dele.