Imprensa detalha aprisionamento dos mensaleiros, mas deveria ser isonômica com todos os presos

algemas_05Papo furado – A prisão dos condenados no processo do Mensalão do PT (Ação Penal 470) está sendo transformada pela imprensa em uma espécie de Big Brother da corrupção. Tudo o que acontece com os mensaleiros no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, é noticiado com detalhes que não interessam à opinião pública, pois os condenados devem ser tratados com qualquer preso, até porque as respectivas sentenças transitaram em julgado.

Nesta sexta-feira (29), diversos veículos midiáticos dedicaram espaço para a decisão da Justiça de transferir para um presídio feminino da capital dos brasileiros as condenadas Kátia Rabello e Simone Vasconcelos, que ainda se encontra na Papuda. O noticiário desceu a detalhes desnecessários, como o tamanho da cela e os utensílios existentes no banheiro anexo.

É importante destacar que transferências de presos entre unidades do sistema penitenciário acontecem diariamente e em todo o País. Fora isso, centenas de milhares de presos vivem em condições subumanas nos presídios, resultado da inoperância do Estado, como um todo. Se o intuito de revelar o tamanho da cela e outros detalhes foi dar à população a oportunidade de se sentir vingada, a iniciativa foi tão equivocada quanto torpe.

Na verdade, o que a imprensa, sempre ávida por uma manchete sensacionalista, deveria fazer é abrir espaço nos veículos de comunicação para defender os direitos dos presos, pois se o Estado chama para si o direito de julgar e condenar, o que está de acordo com a Constituição, tem o dever indiscutível de recuperar o apenado. O ucho.info não está a defender os que transgridem a lei, mas exigindo que os governantes cumpram com suas obrigações, uma vez que não se recupera um preso com degradação humana.

Apenas para que saibam esses paraquedistas da informação, os presos com sentenças não transitadas em julgado votaram pela primeira vez na história, na eleição de 2010, por iniciativa do editor deste site, que brigou pó rum direito que está explicitado na Carta Magna, que é o da presunção da inocência. A condenação de um réu lhe ceifa a liberdade, mas jamais a cidadania. E votar é um direito cidadão.