Barril de pólvora – Consultados pelo Banco Central semanalmente, economistas e analistas das cem maiores instituições financeiras em atividade no País revisaram para baixo, pela quarta vez consecutiva, a expectativa de inflação de 2013. Os especialistas projetaram que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 5,70%, ante 5,81% da previsão anterior. Contudo, para 2014 a expectativa é que a inflação seja maior da projetada para este ano, 5,92%, índice que se repete há duas semanas. As estimativas foram divulgadas pelo Boletim Focus.
Na última sexta-feira (6), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA acumulado no período de doze meses, encerrado em novembro, ficou em 5,77%. Índice utilizado pelo governo federal para acompanhar o movimento da inflação, o IPCA tem mostrado que o Banco Central continua sofrendo para fazer com que o mais temido fantasma da economia convirja para a meta, que é de 4,5%.
O anunciado recuo da inflação não decorre de qualquer ação do governo de Dilma Rousseff, que insiste em gastar cada vez mais, e muito menos da atuação do Banco Central. Por outro lado, a inflação real, aquela que os brasileiros enfrentam no cotidiano, já alcançou o patamar de 20% ao ano, mas as autoridades, que têm as contas pagas pelo erário, preferem não enxergar a realidade.
O movimento de baixa da inflação oficial se deve ao recuo dos consumidores, que para a surpresa dos empresários do comércio e da indústria têm consumido cada vez menos, inclusive no período natalino, quando o volume de compra é costumeiramente maior. O governo certamente discorda dessa constatação, mas não se pode fechar os olhos para o fato de o consumidor ter reduzido em mais de R$ 112 o gasto médio com presentes de Natal, na comparação com o mesmo período de 2012. Considerando que a inflação é alta e que o dólar valorizou, o brasileiro consumirá neste final de ano muito menos do que no ano anterior.
Essa apatia no consumo já chega a um setor que historicamente sempre foi o último a ser afetado: o da alimentação. O ucho.info saiu a campo para conversar com comerciantes de produtos alimentícios de todos os níveis e constatou que o desanimo do setor começa a crescer diante do controle de gastos por parte do consumidor. No maior centro de distribuição de produtos hortifrutigranjeiros da América Latina, o Ceagesp, o desânimo tomou conta dos comerciantes no último sábado (7). As barracas de frutas e verduras permaneciam repletas de produtos perto da hora de fechamento do chamado varejão.
Esse cenário não apenas mostra que o governo de Dilma Rousseff omite escandalosamente a verdade sobre a economia nacional, mas sinaliza para algo muito pior. Baixo crescimento da economia, consumo em queda e inflação alta. Esse trinômio é uma bomba-relógio que pode estourar a qualquer momento se as autoridades descuidarem da economia um só instante. No final de 2012, Dilma disse que neste ano gostaria de receber como presente de Natal inflação baixa e um “Pibão”. Terá de se contentar com inflação alta e um “pibinho”.