Radiografia do caos – Quando engrossava o coro da oposição, papel que desempenhava com competência, o PT não perdia qualquer oportunidade de criticar o salário mínimo, que sempre foi alvo de adjetivos dos mais variados, como miséria, esmola e outros tantos.
Com a chegada do partido ao Palácio do Planalto, em janeiro de 2003, os petistas abandonaram os discursos do passado, rasgaram a ideologia e deram as costas aos trabalhadores. Tornaram-se, da noite para o dia, nababos tecnocratas, sempre prontos para defender o salário mínimo, que de pífio passou à condição de conquista do trabalhador.
O novo salário mínimo, que passará a valer em 1º de janeiro, foi reajustado para R$ 722,90, alta de 6,62%. O aumento está sendo considerado vergonhoso pela população, que não mais suporta conviver com a voracidade da inflação real, que está na casa de 20%. E os milhões dos brasileiros que enfrentam a carestia do cotidiano sabem que a inflação está além dos índices oficiais anunciados pelo governo.
Para que os leitores compreendam a bizarrice que representa o novo piso salarial nacional, os economistas sugerem que o salário mínimo ideal deveria ser de R$ 2.677,00, em dezembro. Desconsiderando o hiato de trinta dias que se forma com a entrada em vigor do novo salário, o valor que receberá um trabalhador corresponde a 27% do salário mínimo considerado ideal. Isso significa que para atravessar o mês um reles trabalhador terá no bolso o valor suficiente para viver apenas oito dias com doses mínimas de dignidade.
A situação torna-se ainda mais crítica quando o salário mínimo e o novo aumento são comparados com os preços de produtos básicos e populares. O aumento de R$ 44,90 que o governo petista de Dilma Rousseff está incorporando ao salário mínimo permite ao trabalhador colocar à mesa onze pasteis, que na maior cidade brasileira, São Paulo, não sai por menos de R$ 4 cada.
Petistas e palacianos podem rotular o salário mínimo como conquista e outros quetais, mas o valor de R$ 772,90 é uma consentida violação dos direitos humanos, pois o custo médio de locação de um barraco nas favelas paulistanas é de R$ 400 mensais. Isso significa que com o novo piso salarial o trabalhador conseguirá morar mal e com boas doses de sorte chegar vivo ao final do mês.
O estrago que Lula e sua horda impuseram à economia nacional é tão devastador, que o salário mínimo é extremamente pouco para quem recebe e ao mesmo tempo é muito para quem paga. Quando uma nação chega a esse ponto, a única conclusão a que se chega é que os governantes sofrem de um misto de mitomania e incompetência, com largas pitadas de covardia.