(*) Ucho Haddad
Sou um ser de alma musical, sabem os que me conhecem. E assim continuarei em 2014 e no tempo que ainda terei. No ano que vai nascer “começaria tudo outra vez se preciso fosse”. E será preciso, porque por aqui ainda há muito que fazer. Por isso você pode cantar “todo dia ele faz tudo sempre igual”, mesmo que eu não acorde às seis horas da manhã. Faço igual, mas sempre de um jeito diferente, porque alcançar o melhor é a minha obsessão.
Termino 2013 com a sensação do dever cumprido, apesar de não ter conseguido tudo o que queria para o Brasil e os brasileiros. Continuarei tentando, pois a persistência, de mãos dadas com a paciência, é o meu diferencial. Encerro o ano fazendo o que mais gosto: escrever. Algo que faço com amor incondicional e dedicação espartana. Isso porque acredito que a informação, verdadeira e cristalina, é a melhor solução. A boa formação reluz na eira da informação correta, sem qualquer lampejo de medo ou receio por parte de quem informa.
No ano novo prometo me indignar do mesmo jeito de sempre, usando as palavras escritas para enfrentar os que abduzem a dignidade alheia. Também me emocionarei com coisas aparentemente simples, mas que têm um significado enorme e profundo. Compartilharei músicas, fotografarei o mundo que desfila à minha volta, registrarei a beleza das flores. Escreverei poemas, cantarei o amor, defenderei a fidelidade, pregarei a coerência. Não hesitarei em reconhecer meus erros, porque deles sou o melhor produto. O que há de novo nisso? Nada! Não é mais uma das tantas falsas promessas que pululam às vésperas do ano novo, porque sou assim o tempo todo. Até porque não saberia ser diferente.
Como sempre digo e não canso de repetir, escrever é um dom, mas ter quem leia é o maior de todos os presentes. O escriba se reduz a nada sem a existência do leitor. Agradeço a cada instante pelo fato de o Criador ter me presenteado de forma dupla: saber escrever e ter leitores fiéis. O que é uma vantagem enorme em tempos marcado por discórdias pífias e insossas. Sou grato a cada um dos que me acompanham diariamente. Os que comigo estão desde o começo e os que acabaram de se juntar a um grupo de pessoas que se erguem a partir da esperança. Tudo é possível, desde que queiramos e tenhamos fé. Esperança é a receita de sempre, de uma vida inteira. Só assim cheguei até aqui, só assim seguirei adiante.
Não se pode desistir diante do primeiro entrevero, nem violentar a postura no rastro do destempero alheio. A calma é o melhor ingrediente para uma receita que às vezes parece indigesta. Não se trata de agarrar-se ao conformismo, mas os bons bofetes são aqueles dados com luva de pelica. Até mesmo para acionar a roda da maledicência é preciso elegância. Essa fórmula pode parecer inócua para muitos, mas por certo é a de efeito mais certeiro e prolongado. Não prego a discórdia, mas desde já deixo claro que não sou saco de pancada de aluguel.
Fé e perseverança não me faltam, o que explica a dedicação quase absurda a tudo que faço, mas me esforçarei ao máximo para, quando preciso, usar o não. A concordância pura e simples muitas vezes é burra. Não se trata de fazer apenas o que quero, mas de deixar de fazer aquilo que não é prazeroso.
A vida é um livro quase sem fim e quero caprichar nas páginas em branco que ainda restam. Nas alvas folhas quero escrever o melhor de uma vida toda. Os amores inesquecíveis, as lembranças maiores, as amizades inabdicáveis, as sensações inenarráveis, as experiências nuas, as durezas cruas. Os erros que foram professores, os acertos regados pela humildade. O reconhecimento por um trabalho intenso, as críticas que levaram ao crescimento. As saudades implacáveis, as decisões necessárias. As derrotas inevitáveis, as vitórias silenciosas.
Quero escrever a receita inusitada de cada dia, o fato sabidamente inesperado. A notícia indesejada, o amigo distante, o amor dourado, o afago confortante. O abraço inesquecível, o beijo eterno, a paixão derradeira, a alegria inexplicável, a tristeza que arde, a felicidade sem fim. A palavra de um filho, a saudade de um pai, a lembrança de uma mãe. Quero fazer conta de dividir só para poder somar, só para multiplicar. Só para poder sonhar.
Quero ser o mesmo de sempre, quero ser diferente sendo igual. Quero tudo, quero sempre, mesmo que nada disso aconteça. Quero, porque sonhar é preciso. Quero porque realizar é possível. Quero porque quero. Não tenho o direito de querer para mim, porque o Criador foi generosíssimo comigo, mas quero o melhor para todos, para cada um. Que a felicidade seja a razão diuturna da sua existência, o combustível único da alma.
Seja feliz sempre, seja feliz a cada instante do ano novo. E de todos os outros também. Seja você sempre, seja diferente sendo o mesmo de sempre. Se for o caso mude por você, por mais ninguém. Se entregue ao amor, fuja do rancor. Ame intensamente, mas antes de tudo ame a si mesmo. Do contrário é impossível amar o outro. Apaixone-se, perdoe, acredite sem ser crédulo. Deixe a vida levar você por todos os mares da felicidade, mas não esqueça o caminho de volta, porque porto seguro é a felicidade que se conhece. Precisando, conte comigo!
Paz e saúde! Dinheiro corre-se atrás, amor o coração inventa. Feliz 2014, feliz todos os dias, feliz o dia inteiro. Feliz tudo, felicidade feliz, feliz…
(*) Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, analista e comentarista político, cronista esportivo, escritor e poeta.