Dilma terá dificuldades para entoar um discurso otimista no Fórum Econômico Mundial, em Davos

dilma_rousseff_410Números não ajudam – A presidente Dilma Vana Rousseff desembarcou na Suíça com a árdua missão de recuperar a credibilidade da economia brasileira, abalada por uma onda de resultados negativos, os quais o governo federal insiste em ignorar ou maquiar. É a primeira participação da petista no Fórum Econômico Mundial de Davos. Apesar do discurso otimista do PT, as previsões sobre o desempenho do Brasil só pioram. Para o deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), o cenário é crítico e requer cautela.

“Quando a oposição falava da necessidade de diminuir os gastos e priorizar a responsabilidade fiscal e administrativa, o governo respondia dizendo que o emprego estava bem. Agora as novas informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) dizem que nem a geração de emprego vai bem”, avaliou o parlamentar na quarta-feira (22).

Como lembrou o deputado tucano, o Brasil criou 1,1 milhão de empregos com carteira assinada em 2013, o pior resultado em dez anos. O número de novas vagas foi 14,1% inferior ao registrado em 2012, quando o mercado de trabalho formal gerou 1,3 milhão de empregos. Em dezembro, o emprego com carteira assinada perdeu 449,5 mil vagas, resultado ligeiramente melhor que o de dezembro de 2012, quando houve decréscimo de 497 mil postos formais.

“A necessidade de mudança na metodologia mostra que o desemprego pode ser muito maior do que aquilo apregoado pelo governo”, acrescentou. O parlamentar recorda que a inflação voltou a incomodar o bolso do brasileiro, a taxa básica de juros está bastante elevada, a Petrobras perde valor de mercado e a Empresa de Correios e Telégrafos tem prejuízo de R$ 817 milhões. “Estamos assistindo um dos piores momentos da economia.”

Baixo crescimento

O pessimismo em relação à economia nacional é generalizado. Nesta semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu as projeções de crescimento para o Brasil em 2014 e 2015. A estimativa de crescimento caiu para 2,3%, neste ano, e 2,8% no próximo, abaixo dos 2,5% e 3,2% projetados anteriormente. Em outubro, a previsão de expansão econômica já havia sido diminuída.

De acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”, o FMI alertou para os riscos de fuga de capitais que o País e outros emergentes poderão enfrentar com o processo de redução de estímulos monetários nos Estados Unidos, o chamado “tapering”, que teve início neste mês.

O organismo deixou claro que navegamos na contramão do resto do mundo: enquanto a economia global deve registrar expansão de 3,7% neste ano, com custo de vida menor, o Brasil caiu na armadilha do baixo crescimento com inflação alta.

As estimativas ainda são mais otimistas do que as do mercado financeiro, que não visualiza alta maior do que 2% na produção brasileira neste ano. De acordo com o “Correio Braziliense”, o estudo Panorama Econômico Global considera também que o avanço da economia ficará abaixo da média calculada para a América Latina, de 3% em 2014, e de 3,3% no ano que vem. Nos próximos anos, o Brasil estará na lanterna entre as nações emergentes que integram os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Pessimismo

Os sucessivos resultados negativos derrubaram o otimismo do empresariado. É o que mostra a 17ª pesquisa anual com os presidentes-executivos (CEOs) feita pela PricewaterhouseCoopers no último trimestre do ano passado.

No levantamento anterior, os executivos brasileiros estavam em quarto lugar no campeonato mundial de otimismo, atrás apenas de russos, indianos e mexicanos. Eram 44% os que esperavam crescimento das suas receitas no curto prazo.

Agora, os brasileiros caíram três posições: são 42% os otimistas, atrás de russos, mexicanos, sul-coreanos, indianos, chineses/Hong Kong, Asean (dez países do Sudeste Asiático) e Dinamarca. Os dados foram publicados na quarta-feira pelo jornal “Folha de S. Paulo”.

Na opinião de Mendes Thame, a missão da presidente Dilma na Suíça é praticamente impossível. Segundo ele, a tendência é a equipe governista tentar novamente vender a imagem de que está tudo em ordem, quando a verdade mostra exatamente o contrário.