Óleo de peroba – Se os atuais ocupantes do Palácio do Planalto têm o hábito de mentir não se sabe, mas com certeza estão viciados em faltar com a verdade. Não sendo uma coisa ou outra, por certo a assessoria presidencial jamais ouviu falar em aritmética e calculadora.
Depois que a presidente Dilma Rousseff foi desmascarada em seu “rolezinho” secreto em Lisboa, após gazetear em Davos, na Suíça, a assessoria de imprensa da Presidência protagonizou um espetáculo pífio, marcado por desmentidos mentirosos e que culminou com uma nota aos jornalistas que é um atentado contra o raciocínio.
O “pit stop” da caravana presidencial na capital portuguesa se deu por motivos técnicos, segundo informou a assessoria de Dilma Vana Rousseff. Essa parada não estava no roteiro de viagem divulgado pelo Palácio do Planalto, o que recobre de mistério a decisão de aterrissar em Lisboa. Se o motivo foi técnico, mais precisamente para reabastecimento da aeronave, como alegam os palacianos, a escala deveria estar listada no roteiro da viagem presidencial.
Em nota divulgada no final do domingo (26), a assessoria da Presidência afirmou: “Não é verdade que a comitiva presidencial tenha feito qualquer escala desnecessária em Lisboa”. Os assessores foram além e afirmaram que “a escala técnica era obrigatória”. Mais um motivo para essa parada constar do plano de viagem divulgado à imprensa. Não custa lembrar que Dilma tem o hábito de interferir pessoalmente nas decisões dos pilotos das aeronaves da Presidência, inclusive determinando rotas e outros quetais.
O staff palaciano resolveu descer às minúcias e acabou se enrolando. Na nota, a assessoria de Dilma destaca: “Dependendo de condições climáticas, o Airbus 319 presidencial tem autonomia média em torno de 9 horas e 45 minutos, tempo insuficiente para um vôo direto entre entre Zurique e Havana. A opção por Lisboa foi a mais adequada, já que se trata do aeroporto mais a oeste no continente europeu com possibilidades de escala técnica”.
Na nota, o entourage presidencial afirma que Dilma não passou o sábado em Lisboa e, após pernoite, seguiu viagem para a ilha comandada pelos facinorosos irmãos Fidel e Raúl Castro. “Não é verdade que a presidenta tenha passado o sábado em Lisboa. Ela lá chegou às 17h30, e lá pernoitou, seguindo viagem na manhã seguinte”, escreveram os palacianos. Apesar dessa explicação pouco convincente, Dilma encontrou tempo na agenda para um regabofe luxuoso no restaurante Eleven, um dos mais badalados e caros de Portugal. Uma hipocrisia desmedida, se considerado o fato de que horas antes, na Suíça, a presidente estava passando o chapéu diante dos “globetrotters” da economia global.
Pois bem, o trecho a seguir mostra de maneira inequívoca que os assessores de Dilma Rousseff desconhecem os mais básicos conceitos aritméticos ou, então, não se dão ao trabalho de ler o que escrevem. “A decisão de fazer um vôo diurno foi tomada pela Aeronáutica a partir da avaliação das condições meteorológicas, que permitiram que o trecho Lisboa-Havana fosse coberto no domingo em 9 horas 45 minutos.”
Ora, se a autonomia de voo do Airbus 319 da Presidência da República é de 9 horas e 45 minutos e o voo programado pela Aeronáutica, entre Lisboa e Havana, é de 9 horas e 45 minutos, o avião usado por Dilma e sua comitiva correu o sério risco de despencar sobre as águas do Mar do Caribe por pane seca.
No ucho.info não há especialistas em aviação, mas não precisa nenhum esforço do raciocínio para saber que diante da necessidade de arremeter, independentemente do motivo, uma aeronave como o Airbus 319 consome quantidade de combustível suficiente para quase uma hora de voo, tamanho é o esforço imposto às turbinas.
Não restam dúvidas de que Dilma quis se refestelar no caro cardápio do restaurante lisboeta, às custas do suado dinheiro do contribuinte brasileiro, mas a desculpa da escala técnica foi um equívoco monumental de quem é adepto da mitomania, mas não tem competência até mesmo para mentir. Se o problema era apenas o reabastecimento das aeronaves da Presidência – dois aviões fora usados para o trem da alegria palaciano –, a Aeronáutica poderia ter optado por fazer uma parada nas Ilhas Canárias, onde o Aeroporto Internacional de Tenerife tem todas as condições técnicas para tal. Outra opção seria a Ilha da Madeira ou o Arquipélago dos Açores. As três opções estão muito mais a oeste da Europa do que Lisboa. Além disso, a viagem até Cuba seria uma linha reta. Ademais, reabastecer uma aeronave do porte do Airbus 319 demora no máximo uma hora.
Fato é que Dilma Rousseff herdou do antecessor um enorme estoque de pílulas de mitomania, as quais estão sendo consumidas aos bolhões porque o desgoverno petista não tem o que mostrar à população e começa a se apavorar diante da possibilidade de a “gerentona inoperante” não se reeleger.
Confira abaixo a íntegra da nota distribuída aos jornalistas pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República:
“Nota à Imprensa
Não é verdade que a comitiva presidencial tenha feito qualquer escala desnecessária em Lisboa.
A escala técnica era obrigatória. Dependendo de condições climáticas, o Airbus 319 presidencial tem autonomia média em torno de 9 horas e 45 minutos, tempo insuficiente para um vôo direto entre entre Zurique e Havana. A opção por Lisboa foi a mais adequada, já que se trata do aeroporto mais a oeste no continente europeu com possibilidades de escala técnica.
Não é verdade que a presidenta tenha passado o sábado em Lisboa. Ela lá chegou às 17h30, e lá pernoitou, seguindo viagem na manhã seguinte. A decisão de fazer um vôo diurno foi tomada pela Aeronáutica a partir da avaliação das condições meteorológicas, que permitiram que o trecho Lisboa-Havana fosse coberto no domingo em 9 horas 45 minutos.
Secretaria de Comunicação Social
Presidência da República”