Conversa fiada – Foram necessárias 72 horas para que os palacianos que assessoram a presidente Dilma Rousseff esculpissem uma nova mentira, agora capaz de convencer a opinião pública brasileira. Sobre a escala técnica em Lisboa, Dilma disse, na capital cubana, que escolhe o restaurante porque paga a conta com o próprio dinheiro. Uma desculpa esfarrapada e de última hora que surgiu no calor dos acontecimentos depois que a notícia ganhou destaque na imprensa internacional.
A decisão cada integrante da comitiva presidencial assumir as despesas do elegante e caro regabofe no restaurante Eleven, um dos mais caros de Portugal, foi tomada às pressas e depois que o assunto caiu nos discursos da oposição.
“Eu posso escolher o restaurante que for, desde que eu pague a minha conta. Eu pago a minha conta”, disse Dilma, em entrevista no hotel em que está ficando em Havana, onde participa da cúpula da Celac.
“É exigência para todos os ministros, e eu só faço exigência que eu também exijo de mim, que quem jantar ou almoçar comigo pague a sua conta”, afirmou. De acordo com Dilma, isso é “extremamente democrático e republicano.”
“Não tem a menor condição de alguma vez eu usar cartão corporativo; no meu caso está previsto para mim cartão corporativo, mas eu não faço isso porque eu considero que é oportuno que eu dê exemplo, diferenciando o que é consumo privado do que é consumo público”, explicou a presidente.
Esse discurso moralista de Dilma Rousseff não convence, pois muitos dos gastos da Presidência da República estão sob a rubrica do segredo de Estado. De tal modo, fica o dito pelo não dito. Para quem coordenou a produção de um dossiê sobre os gastos do ex-casal presidencial Ruth e Fernando Henrique Cardoso, a petista mostrou-se célere ao consertar uma lambança que a comitiva presidencial não imaginava que chegaria às páginas dos jornais.