Deputada do PPS diz que Congresso tem o dever de investigar situação dos médicos cubanos

carmen_zanotto_01Lupa na mão – Vice-líder do PPS na Câmara dos Deputados, a catarinense Carmen Zanotto disse, nesta quinta-feira (6), que o Parlamento brasileiro não pode fugir à responsabilidade e deve investigar de perto a situação por que passam os médicos cubanos no País. Para a parlamentar, os relatos da médica Ramona Matos Rodriguez, que abandonou o programa “Mais Médicos”, de que não sabia quanto receberia de salário do governo de Havana, acende um alerta para as transgressões trabalhistas e aos direitos humanos na contratação desses profissionais. A médica já pediu asilo político aos Estados Unidos.

Zanotto disse que ouviu de Ramona que só veio a saber que teria que repassar a maior parte de seus vencimentos (cinco mil dólares) a Havana depois que chegou ao Brasil. Na prática, ele recebe pouco mais de R$ 900 de salário. O restante vai para o governo cubano.

Segundo a parlamentar, que é enfermeira e que esteve com a médica cubana, Ramona denunciou ainda que na cidade em que estava trabalhando, Pacajá (PA), tinha os seus direitos de ir vir cerceados. Ela informou que para se deslocar para um município mais próximo tinha de pedir autorização do coordenador do Programa Mais Médico no estado.

“Precisamos tratar desse assunto com muito zelo, com muita responsabilidade, porque nós estamos falando, inclusive, de direitos, de direitos humanos. Se algum direito está sendo negado a esse conjunto de profissionais médicos de Cuba, esta Casa tem o dever de acompanhar a situação para tomar todas as providências que forem necessárias”, alertou Carmen Zanotto.

Reportagem da Folha de S. Paulo, nesta quinta-feira, confirma as denúncias de Rodriguez. Segundo o jornal, os médicos cubanos recém-chegados a São Paulo para participar do “Mais Médicos” disseram desconhecer o valor da bolsa mensal a que têm direito de receber do programa. Os médicos argentinos, portugueses e espanhóis que participam do “Mais Médicos” recebem salário integral.

Carmen Zanotto disse ainda que o tratamento desigual dispensado aos médicos cubanos é uma agressão às leis trabalhistas do País e à Constituição Federal.