Valsa do adeus – O médico cubano Ortelio Jaime Guerra anunciou nesta segunda-feira (10), através do perfil que mantém no Facebook, que abandonou o programa “Mais Médicos”. Guerra trabalhava no pequeno município de Pariquera-Açu, no interior de São Paulo, e disse que fugiu para os Estados Unidos.
Guerra é o segundo cubano que abandona o ufanista programa criado pelo governo petista de Dilma Rousseff e que está em gestação desde 2012. A primeira deserção foi de Ramona Matos Rodriguez, que trabalhava na cidade de Pacajá (PA) e deixou o Mais Médicos dizendo ter sido enganada. A médica protocolou pedido de refúgio para continuar no Brasil e, ao mesmo tempo, solicitou visto aos EUA. Ramona anunciou que ingressará contra o governo brasileiro para receber o valor pago à ditadura dos irmãos Castro por cada integrante do programa.
Ortelio Guerra não explicou as razões de ter abandonado o programa. Os Estados Unidos possuem um programa de vistos especiais para profissionais de medicina de Cuba em missão no exterior que não desejam voltar à ilha caribenha e submeter-se à truculência do governo de Havana, que diante do colapso do sistema político local começa a jogar a toalha e fingir que caminha na direção da democracia.
“Meus amigos de Pariquera-Açu, saibam que tive que ir embora de lá sem falar com ninguém por questões de segurança”, escreveu o médico na madrugada de segunda-feira, em portunhol. “Estou bem, agora nos Estados Unidos.”
O médico informou também que considera a atitude necessária, mas que sempre terá orgulho de Cuba – “de minha terra e minhas raízes”, escreveu. Guerra comentou que uma foto, postada no dia 2 deste mês, foi tirada em uma de suas últimas noites em São Paulo. A data exata em que partiu para os EUA não foi mencionada.
A Secretaria de Saúde de Pariquera-Açu e o Ministério da Saúde confirmaram a saída do médico, um dos cerca de 7.400 cubanos participantes do programa do governo federal. Os dois órgãos, no entanto, não deram mais informações sobre o caso.
Além das deserções, o programa apresenta problemas em questões de alojamento, alimentação e transporte aos profissionais, que competem aos municípios. Segundo o Ministério da Saúde, foram apontadas irregularidades em 37 municípios que contam com profissionais do programa. Do total, 27 prefeituras regularizaram a situação. (Com agências internacionais)