Perigo constante – A Procuradoria-Geral da República enviou à Itália seus representantes para, junto às autoridades locais, tentar impedir que Henrique Pizzolato seja colocado em liberdade pela Justiça do país europeu. Pizzolato foi preso em Maranello, no norte da Itália, por uso de documento passaporte falso. Recolhido a uma prisão de Modena, Henrique Pizzolato pode ser colocado em liberdade nas próximas horas.
O Ministério Público Federal faz o seu papel ao entrar no caso, mas para o Partido dos Trabalhadores a melhor saída é deixar Pizzolato livre e se entendendo com a Justiça italiana no caso do passaporte fraudulento. Em relação ao caso do Mensalão do PT, o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil sabe muito mais do que os “companheiros” de legenda gostariam.
O governo brasileiro enviará nos próximos dias a documentação referente ao pedido de extradição do petista, mas não custa lembrar que a Itália não extradita nacionais. Como Pizzolato tem dupla cidadania, a Justiça da Itália dificilmente acolherá o pedido do governo brasileiro. O melhor exemplo prático dessa situação remonta ao caso de Salvatore Cacciolla, que só foi extraditado porque ousou deixar o território italiano e se aventurar no Principado de Mônaco.
Durante depoimento na CPI dos Correios, no Congresso Nacional, Henrique Pizzolato afirmou que a ordem para a transferência de recursos do Visanet para as agências de Marcos Valério foi dada por Luiz Gushiken, então homem forte do governo Lula.
Esse detalhe do depoimento de Pizzolato, que lhe custou o abandono por parte do PT, pode elucidar parte das entranhas do Mensalão do PT, o maior e mais ousado caso de corrupção da história brasileira. O elo secundário está na relação Marcos Valério com duas empresas de telefonia celular, cujas contas de propaganda estavam a cargo de suas agências. Por meio dessas empresas, Valério conseguiu alimentar o caixa do Mensalão do PT no rastro do superfaturamento consentido de campanhas publicitárias. A diferença entre os valores real e final era transferida para o criminoso esquema palaciano.
A contrapartida dessa bondade criminosa foi aproximar Gushiken, conhecido por sua íntima ligação com os fundos de pensão das estatais, do controlador das empresas de telefonia, que à época travava uma enorme briga judicial com os sócios estrangeiros. Acontece que Henrique Pizzolato sabe demais para ser extraditado para o Brasil. Se isso acontecer, o ex-diretor do BB certamente contará o que sabe, o que pode implodir o PT, pois é vasta a sujeira que existe sob o tapete.