Andando de lado – Mais um integrante do alto escalão do governo de Dilma Rousseff escapou das perguntas feitas por deputados da oposição durante audiência na Câmara dos Deputados. Depois do ministro da Saúde, Arthur Chioro, foi a vez de Márcio Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, não responder,por exemplo, sobre o percentual de aumento da conta de luz, em 2015, medida anunciada pelo governo há dias em decorrência da crise generalizada que toma conta do setor.
Em audiência pública realizada na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, na manhã desta quarta-feira (19), Zimmermann era pressionado podr dois deputados oposicionistas – Mendonça Filho (PE) e Rodrigo Maia (RJ) – que insistiam no questionamento direto, quando o presidente do colegiado, Geraldo Thadeu (PSD-MG), decidiu encerrar a sessão sem qualquer explicação.
“Infelizmente acontece e é natural o deputado querer puxar o saco do governo e não entender que são poderes harmônicos, mas independente. Mas o mais grave é o secretário não ter respondido uma pergunta básica: qual é o impacto nas nossas contas dessa transferência de recursos que vai chegar a R$ 20 bilhões no final do ano e que o governo está tendo que transferir para os distribuidores de energia? Quando apresentaram a medida provisória para reduzir artificialmente as tarifas no ano passado, eles divulgaram em cadeia nacional. O que nós querermos saber agora, que estamos em ano eleitoral, é se o governo vai dar a informação correta novamente”, criticou Rodrigo Maia.
Abusando do visgo discursivo, o secretário do Ministério de Minas e Energia alegou que o fim do contrato de concessão de duas usinas geradoras, que passarão para a União, atenuará o aumento na conta. Quando questionado sobre a garantia da promessa, Zimmermann não respondeu.
“Infelizmente vossa excelência comanda a área de maior fracasso no governo da presidente Dilma. É lamentável que ela, que tem a sua história vinculada com uma suposta competência na área de estrutura e energia tenha um fracasso tão retumbante durante seu governo. A tentativa da presidenta em executar uma política populista no sistema energético resultou nas consequências que estamos vivendo hoje”, definiu Mendonça Filho.
Bode na sala
A grande questão envolvendo o problema de energia no País é que o ano é de eleições e a presidente Dilma Rousseff não quer cair em contradições, o que arruinaria o seu projeto de reeleição. Desde os tempos de Casa Civil, Dilma vem prometendo, sem sucesso, que o Brasil não enfrentaria crise de energia. Acontece que de lá para cá foram registrados inúmeros apagões elétricos – a petista prefere chamar de blecaute –, ao passo que agora, por conta da estiagem, a geração de energia está na corda bamba.
O Palácio do Planalto tenta esconder a realidade com repasse de recursos do Tesouro às empresas geradoras de energia, mas a conta acabará no bolso do contribuinte, que é responsável por alimentar os cofres federais. No momento em que Dilma Rousseff anunciou a falsa redução da conta de luz, o consumidor, que não sabe o que é economizar, passou a gastar mais do que antes, colocando o setor em estado de alerta.
A preocupação em relação às questões de energia elétrica é tamanha, que o governo trabalha intensamente em um plano emergencial para evitar que apagões ocorram durante a Copa do Mundo da FIFA, o que seria uma vexatória derrota para a presidente. Um acompanhamento histórico feito pelas empresas do setor mostra que durante os jogos de futebol o consumo de energia cai, mas após o termino da partida atinge níveis próximos do pico, o que coloca o sistema de transmissão sob risco.