Água suja – Quando o ucho.info afirmou que o governador Geraldo Alckmin deveria se precaver contra eventual oportunismo político do governo federal na análise do pedido do governo paulista para captar água no Rio Paraíba do Sul, muitos foram os que nos criticaram e acusaram de teoria da conspiração.
Nos últimos onze anos o PT deu todas as mostras de que desconhece o que é ética e por isso nenhum pedido dessa natureza será analisado sem interesse político-eleitoral. O estado de São Paulo, que está na mira do Partido dos Trabalhadores, vive uma das piores estiagens da história, mas aos petistas isso pouco importa. A eles interessa os dividendos de eventual decisão do governo federal que venha a atender o pleito do Palácio dos Bandeirantes.
O sistema hídrico Cantareira, responsável pelo abastecimento de água para pelo menos 8 milhões de paulistanos, está com o nível dos reservatórios na marca de 14,5%, o que pode exigir a adoção de racionamento generalizado se a situação não mudar, mas qualquer medida de socorro depende de autorização da Agência Nacional de águas (ANA). O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, que não tem sensibilidade política, disse que é contra o pedido formulado por Alckmin. A pequenez de Cabral como governador é tamanha, que não bastasse sua miopia política no âmbito federativo preferiu usar as redes sociais para pedir ao governador Geraldo Alckmin que enviasse um estudo técnico sobre o assunto.
Após o encontro com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília, Alckmin deixou o Palácio do Planalto sem qualquer solução, mas com a promessa de que o governo encaminharia o pleito aos órgãos competentes. Como o PT há muito quer tomar de assalto o Palácio dos Bandeirantes, não causará surpresa se Dilma, a Baronesa de Pasadena, se apresentar aos eleitores paulistas como a rainha das águas, uma espécie de versão comunista de Iemanjá.
Para quem duvidava que essa jogada política poderia fazer parte da decisão, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse, em entrevista à Rádio Estadão, que o governo busca soluções técnica e política para o pedido formulado por Geraldo Alckmin. Ora, problemas de abastecimento de água na maior cidade brasileira, incansável locomotiva do País, não devem ser analisados sob o prisma político, mas, sim, no âmbito técnico.
O pedido do governo paulista não é para solucionar o problema atual, mas para ter uma solução para eventuais problemas futuros, os quais comprometeriam em apenas 4% a vazão do Rio Paraíba do Sul. No caso em questão, todos os envolvidos tentam faturar politicamente. Alckmin por ser membro de um partido [PSDB] que nas duas décadas em que está no comando de São Paulo não fez a lição de casa em relação ao abastecimento de água. Sérgio Cabral é um governante fanfarrão e envolvido em escândalos dos mais variados, por isso precisa pegar carona no pedido do governo paulista para mostrar serviço ao eleitorado do estado. O governo federal precisa dar um empurrão em Alexandre Padilha, o empacado candidato do PT ao governo de São Paulo.