Chame o ladrão – A decisão de Dilma Vana Rousseff de terceirizar a culpa pela escandalosa aquisição da refinaria da Petrobras, que sangrou o bolso do contribuinte brasileiro em US$ 1,18 bilhão, mostra o desespero que se instalou no Palácio do Planalto por causa da eventual explosão de um escândalo sem precedentes. A tensão é tão grande, que os petistas palacianos acionaram a tropa de choque cibernética para espalhar informações sobre a Petrobras durante a era de Fernando Henrique Cardoso.
A demissão de Nestor Cerveró, que até a última sexta-feira (21) ocupava a diretoria financeira da BR Distribuidora, levou o executivo, que encontra-se em férias na Europa, a mandar recados ao Palácio do Planalto, alertando para o fato de que não será bode expiatório de um caso que é de responsabilidade, de forma solidária, do conselho de administração da empresa, que à época do negócio era presidido por Dilma.
O silêncio adotado por Cerveró depois da demissão, decidida pelo Conselho de Administração da BR Distribuidora, vem tirando o sono dos integrantes do núcleo duro dos integrantes do governo, que não sabem qual será a atitude do homem que foi acusado por Dilma de produzir um laudo técnico “falho”.
A presidente pode até tergiversar sobre o tema, mas não se pode esconder a sua responsabilidade no negócio escuso e que até hoje reverbera no caixa da Petrobras. Na lei das Sociedades Anônimas – a Petrobras é uma sociedade anônima controlada pelo governo – o artigo 158 (caput) é claro ao estabelecer que “o administrador não é pessoalmente responsável pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão; responde, porém, civilmente, pelos prejuízos que causar”.
A grande questão envolvendo a Petrobras é que parte da enxurrada do dinheiro utilizada na primeira parte do negócio (US$ 360 milhões), quando a empresa adquiriu 50% da refinaria de Pasadena (Texas), pode ter voltado para o Brasil em forma de doações de campanha. É preciso que as autoridades norte-americanas investiguem o rastro do dinheiro, pois é inimaginável que tamanha fortuna tenha sido utilizada na compra de uma refinaria obsoleta e que nem em sonho atendia às necessidades da petroleira verde-loura.
O povo brasileiro, maior prejudicado nesse negócio nebuloso, não pode permitir que o caso caia no esquecimento, proporcionando aos envolvidos no escândalo mais uma rodada de impunidade, a exemplo do que vem ocorrendo no País nos últimos onze anos. Não se pode aceitar passivamente um escândalo proporção, da mesma forma que é preciso estar atento ao caso da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, que já consumiu R$ 41 bilhões dos contribuintes, com previsão de ultrapassar a casa de R$ 50 bilhões.