Agora vai – Líderes da oposição protocolaram na tarde desta quarta-feira (2) o requerimento de criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar denúncias de corrupção na Petrobras. Foram 232 assinaturas de deputados federais e 30 de senadores, bem acima do número exigido na Câmara (171) e no Senado (27). O líder do Democratas na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho (PE), acredita que o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros, fará convocação extraordinária antes do dia 15 de abril para a leitura do requerimento, procedimento que oficializa a instalação da CPMI.
“Agora, depende de vontade política. Dada a pressão que existe na sociedade, a cobrança da imprensa e a decisão política do parlamento, cabe ao presidente do Congresso Nacional fazer a leitura numa sessão extraordinária o mais rápido possível porque a opinião pública clama por investigação e apuração dos fatos envolvendo a Petrobras. Não posso imaginar que o presidente do Congresso vá se submeter à pressão do governo que quer aniquilar no tapetão uma CPMI legítima e baseada nos preceitos constitucionais”, enfatizou Mendonça Filho.
Na opinião do democrata, a instalação da CPMI é irreversível diante da gravidade das denúncias e da clara manifestação dos parlamentares em apurar os fatos. “O parlamentar que assinou o pedido de CPI mista o fez consciente da responsabilidade e do dever de fiscalização do parlamento brasileiro. Não há como admitir que o sujeito assine hoje, amanhã vai negociar essa assinatura com o próprio governo. Claramente, Câmara e Senado desejam a apuração dos fatos que envolvem irregularidades na Petrobras”, disse o líder do partido.
Sobre a tentativa governista de incluir a investigação de outros temas no requerimento da CPMI, Mendonça Filho afirmou que a base não tem a intenção de apurar de fato as denúncias. E acrescenta: a oposição não tem nenhuma objeção em investigar a formação de cartéis de empresas fornecedoras de órgãos públicos em uma CPI específica para essa finalidade. “O governo não quer ampliar a investigação, o governo quer tumultuar o processo. Se o governo quer apurar outros fatos envolvendo cartéis, eu serei o primeiro a subscrever uma CPI específica para apurar a atuação de cartéis no Brasil. Agora, não pode envolver apenas um estado específico da federação. Tem que envolver a Eletrobrás até porque essas empresas denunciadas, como a Alstom e a Siemens, são grandes fornecedoras de empresas públicas federais”, argumenta Mendonça Filho.