Manobra de Renan que embaralha CPI passou por negociação para ajudar o PMDB nos estados

renan_calheiros_29Jogo imundo – Ultrapassa com enorme folga as fronteiras da imoralidade a manobra comandada por Renan Calheiros para ajudar o governo bandido de Dilma Rousseff a embolar a CPI da Petrobras. Tão incompetente quanto truculenta, Dilma sabe que qualquer revelação sobre as coxias da Petrobras seria fatal apara o governo, para o seu projeto político de reeleição e também para o Partido dos Trabalhadores, que ao longo da última década revelou sua insuperável vocação para a delinquência política.

Amparado por discursos rebuscados e ignorantes dos petistas escalados para defender um governo indefensável, Renan Calheiros apurou a verborragia legalista para anunciar drible legislativo que fere de morte o regimento interno do Senado Federal. Não é de se estranhar o comportamento de Renan, que em passado recente apresentou notas frias de venda de vacas inexistentes para justificar a origem de uma quantia de dinheiro que lhe foi repassada por uma empreiteira e que serviu para financiar um rumoroso caso extraconjugal.

Como nove entre dez políticos, Renan Calheiros é malandro e muito experiente. Por conta disso, apesar de seu currículo nada paroquiano, conseguiu se instalar mais uma vez no comando do Poder Legislativo. O que confirma a tese de que será uma hecatombe intergaláctica para que o Brasil um dia se transforme em país minimamente sério.

No momento em que começou a invocar artigos da Constituição, decisões do Supremo e trechos do regimento do Senado, Renan estava dando tempo para o governo preparar o contra-ataque. Como de fato aconteceu. Confirmada a lambança e com o anúncio de que acertadamente a oposição recorreria ao Supremo tribunal Federal para fazer valer o que determina a Carta Magna e ter o direito de instalar uma CPI específica para investigar a Petrobras, Renan surgiu com chicanas jurídicas.

Propôs o presidente do Senado que a questão – instalar uma CPI específica, como insiste a oposição, ou uma genérica, como quer o governo – fosse decidida pela Comissão de Constituição e Justiça da Casa. Acontece que na CCJ o governo tem maioria, o que fará com que a ordem de Dilma Rousseff seja cabalmente cumprida: a de embolar uma eventual investigação da Petrobras.

Para dar ares de moralidade e democracia à decisão estapafúrdia, Renan operou nos bastidores e acertou com o presidente da CCJ, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que a decisão do colegiado seja referendada pelo plenário do Senado, onde o governo também maioria. Traduzindo para o bom e velho idioma da Botocúndia, negociata que certamente faria inveja ao mafioso que inspirou o personagem de Al Capone.

Ao PMDB pouco importa se a Petrobras está sendo saqueada pela quadrilha palaciana, desde que o seu quinhão seja devidamente pago. Nesse enxadrismo bandido que contrapôs o PMDB, o PT e a presidente Dilma Rousseff ficou acertado alguns detalhes importantes para as campanhas eleitorais em pelo menos seis estados. Nessas unidades da federação – Maranhão, Ceará, Alagoas, Paraíba, Rio de Janeiro e Goiás – o PT não lançará candidato aos respectivos governos e de quebra apoiará o PMDB.

Esse acerto espúrio é inaceitável, pois antes de embaralhar a CPI da Petrobras o PMDB está ajudando a atropelar a Constituição Federal, lei suprema da nação. A negociata política tem pelo menos dois pontos importantes a serem considerados. O primeiro deles é que a bancada do PMDB na Câmara dos Deputados está rebelada e inconformada com a decisão tomada pela cúpula da legenda no Senado. Isso pode resultar em um racha ainda maior no partido, interferindo inclusive nas eleições de outubro próximo.

O segundo tema que merece atenção é que para cumprir as exigências eleitorais dos peemedebistas o PT terá alguns problemas de difícil solução. É o caso da candidatura do senador petista Lindbergh Farias, que sonha em chegar ao Palácio Guanabara, sede do Executivo fluminense. Acontece que o PMDB quer emplacar o agora governador Luiz Fernando Pezão, que nesta quinta-feira (3) assumiu o comando do Rio de Janeiro com a renúncia de Sérgio Cabral Filho.