Lupa na mão – Líder do Democratas na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho (PE) protocolou na Comissão de Fiscalização e Controle da Casa um requerimento para ouvir a presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Wasmália Bivar, e as ex-diretoras Márcia Quintslr e Denise Britz do Nascimento Silva. Em outro requerimento, o deputado solicita a convocação da ministra do Planejamento, Miriam Belchior.
A intenção é apurar no colegiado da Câmara o que levou as duas servidoras técnicas de carreira a deixarem seus cargos. Márcia, ex-diretora de pesquisa; e Denise, coordenadora-geral da Escola Nacional de Ciências Estatística (Ence), pediram exoneração após divergências em relação à suspensão da divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). O órgão argumenta que deseja fazer uma “revisão da metodologia”.
Outros coordenadores de pesquisas, como as que determinam a inflação oficial e a taxa de desemprego, também chegaram a assinar uma carta enviada ao conselho diretor do instituto na qual ameaçam entregar seus cargos caso não seja revista a decisão de suspender a divulgação da Pnad Contínua. O documento foi assinado por 18 coordenadores e gerentes estratégicos da Diretoria de Pesquisas.
Para Mendonça, o fato demonstra uma clara tentativa de aparelhamento e uso político de mais uma instituição do governo federal.
“Existem indícios de que o governo quer transformar o instituto em agente de notícias eleitoreiras. No momento em que o desemprego cresce, o temor da população também, o governo petista tenta esconder o que se passa com o país. Não adianta, porque as últimas pesquisas já demonstram que o brasileiro sente que as coisas não vão bem em seu dia-a-dia”, argumentou o democrata.
De acordo com o deputado, a suspensão do Pnad é bastante oportuna para o governo na atual conjuntura econômica com notícias negativas em relação à saúde financeira do país.
“Usam um argumento de que o cumprimento da lei da FPE seria o motivo, mas não é mera coincidência essa notícia sair logo depois que a inflação é a maior dos últimos 11 anos e quando o desemprego cresceu. Metodologia não se muda para agradar A ou B. Se segue”, defendeu.