Depoimento de Nestor Cerveró deve colocar mais combustível na briga entre Lula e Dilma

nestor_cervero_02Barril de pólvora – Ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, que recentemente foi demitido do cargo de diretor financeiro da BR Distribuidora, disse, em depoimento na Câmara dos Deputados, que a refinaria texana de Pasadena era uma “boa oportunidade”. Cerveró, que foi acusado pela presidente Dilma Rousseff de produzir um relatório “falho” sobre o negócio que custou aos brasileiros US$ 1,25 bilhão, disse que à Petrobras não interessava adquirir uma refinaria totalmente pronta por causa dos altos preços praticados no mercado.

A declaração de Nestor Cerveró contradiz a presidente da empresa, Maria das Graças Foster, que ao participar de audiência no Senado Federal disse que a aquisição da refinaria de Pasadena “não foi um bom negócio”. De igual modo, a fala de Cerveró anula o discurso de Dilma Rousseff, à época presidente do conselho de administração da petroleira, que afirmou que se soubesse das cláusulas não teria autorizado o negócio.

Dilma caiu em desgraça quando, por meio de nota, respondeu ao jornal “O Estado de S. Paulo” sobre o tema e acabou engolida por um furacão que ela própria criou. Desde então, o assunto ganhou o noticiário de forma diuturna e tem servido de combustível para os partidos de oposição, que ainda lutam para conseguir instalar uma CPI exclusiva para investigar a estatal, que foi transformada pelo Palácio do Planalto em reduto de corrupção e desmandos a partir do loteamento de cargos de direção.

No momento em que afirma que a refinaria texana era uma “boa oportunidade” e que as cláusulas contratuais eram irrelevantes, Cerveró endossa as declarações do ex-presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, que disse recentemente que negócios nos como a aquisição de Pasadena são normais no mercado internacional de petróleo.

Se não servir para esclarecer de uma vez por todas o imbróglio envolvendo o negócio bilionário, o depoimento de Nestor Cerveró colocará mais combustível na intensa briga que acontece nos bastidores e contrapõe Luiz Inácio da Silva e Dilma Rousseff. Isso porque Dilma e Maria das Graças Foster combinaram um discurso em que a culpa é despejada em Gabrielli. Isso significa que ambas, Dilma e Foster, estão afirmando nas entrelinhas que Lula deve ser colocado na beirada do vulcão, uma vez que o suspeito negócio aconteceu durante o seu governo.

A briga, que há muito foi destaca pelo ucho.info, cresceu à medida que avançou o movimento “Volta Lula”, que tem – ou tinha – como um dos principais entusiastas o ainda deputado federal André Vargas (PT-PR), flagrado pela Polícia Federal em relações nada republicanas com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato. O calvário de Vargas evoluiu repentinamente porque o governo fez vazar detalhes das investigações da PF. O que o Palácio do Planalto não conseguiu prever é que André Vargas poderia causar um estrago muito maior ao governo e ao projeto político de Dilma do que a ele próprio.