Discussão sobre o Marco Civil da Internet empresta ao plenário do Senado o viés do bolivarianismo

lindbergh_farias_02Reis do ringue – O plenário do Senado Federal viveu no começo da noite desta terça-feira (22) um lampejo de bolivarianismo, movimento político que há muito transformou a vizinha e combalida Venezuela em uma ditadura comunista.

No afã de levar um troféu ao IV Fórum da Internet (Reunião Multissetorial Global sobre o Futuro da Governança da Internet), que acontece no Brasil até o dia 25 de abril, a presidente Dilma Rousseff acionou o rolo compressor para mais uma vez atropelar a Câmara Alta. Sem nada a comemorar, até porque comanda um governo perdido e paralisado, Dilma simplesmente ignorou o direito dos senadores de discutir e melhorar o Marco Civil da Internet (PLC 21/2014), exigindo a imediata aprovação da matéria, como se o Brasil não fosse uma democracia.

Entre os integrantes da matilha de defensores do Palácio do Planalto, surgiu um novo “buldogue” palaciano: o senador petista Lindbergh Farias, que por pouco não chegou às vias de fato com o tucano Mário Couto (PA).

Ex-prefeito de Nova Iguaçu e ainda candidato do PT ao governo do Rio de Janeiro, Lindbergh Farias chegou atrasado ao plenário e ao fazer uso da palavra passou a criticar a oposição, sem saber o que estava em discussão no plenário. Naquele momento, os senadores se preparavam para votar a inversão da pauta, o que permitiu que o Marco Civil da Internet passasse a liderar a lista de votação.

Em desnecessária provocação político-eleitoreira, até porque o Marco Civil da Internet não tem dono, Lindbergh passou a afirmar que o PSDB pagaria caro nas redes sociais por ter votado contra a matéria.

Presidente do PSDB e pré-candidato do partido à Presidência da República, o mineiro Aécio Neves passou uma sonora carraspana no senador petista, que reagiu de forma irritadiça. A temperatura da discussão subiu rapidamente, até que Aécio Neves sugeriu ao colega de parlamento fosse cuidar dos seus processos. Lindbergh é alvo de vários processos, sendo que um deles investiga o desvio de R$ 400 milhões dos cofres da cidade de Nova Iguaçu.

A política nacional afunda cada vez mais na vala do descrédito, mas alguns ainda resistem bravamente no enfrentamento proposto por um governo ditatorial e incompetente, como é o da petista Dilma Rousseff. Em relação a Lindbergh Farias, o petista tem o direito de se manifestar no plenário e fora dele, desde que não protagonize espetáculos pífios como o desta terça-feira, sem o qual teria escapado de vexatória contestação da sua atuação como parlamentar.

Contudo, a repentina coragem de Lindbergh é coisa pouca e passageira, que some no ar como poeira fina, como atestam nove entre dez porteiros de alguns flats de Nova Iguaçu.