Ministro da Justiça não deveria falar sobre segurança pública, pois o governo é conivente com o tráfico

jose_eduardo_27Seguindo o roteiro – Foi no mínimo excesso de ousadia do ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, discutir sobre segurança pública com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato à Presidência da República e que com sua “mineirice” política começa a tirar o sono dos ocupantes do Palácio do Planalto. Em evento realizado na quinta-feira (22), em Brasília, Cardozo rebateu as críticas de Aécio, que afirmou ser o governo federal omisso em relação ao tema.

“Estou espantado com as críticas de Aécio. Ele é um parlamentar com atuação pífia em segurança”, afirmou o titular da Justiça. Logo em seguida, por meio de nota, o senador mineiro disse ser “lamentável” ver um ministro atuar como “militante”.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o pré-candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves, bateram boca nesta quinta-feira, 22, sobre a segurança pública. Em um evento em Brasília, Cardozo rebateu uma crítica do tucano, que disse que o governo federal é omisso. “Estou espantado com as críticas de Aécio. Ele é um parlamentar com atuação pífia em segurança”, afirmou o petista. Logo depois, em nota, o tucano disse ser “lamentável” ver um ministro atuar como “militante”.

“As grosserias do ministro, por maiores que sejam, são insuficientes para esconder a realidade do abandono da segurança pública pelo governo federal e revelam a ausência de argumentos de um governo que se especializou em transferir responsabilidades”, afirmou Aécio Neves.

Assim como o ministro da Justiça, o ex-governador de Minas Gerais é alvo de críticas por parte de entidades que se dedicam às questões da segurança pública. Em março passado, o sucessor de Aécio, Antonio Anastasia (já deixou o cargo para concorrer ao Senado federal), reconheceu que a violência era o “maior desafio” do governo mineiro. Em 2013, o número de homicídios subiu 6,07% em Minas Gerais, sendo que a elevação foi de 7,38%.

Como se sabe, a segurança pública é de responsabilidade dos Estados, mas qualquer ação adotada pelos governos estaduais contra o crime será inócua enquanto o Palácio do Planalto mantiver os olhos fechados para o tráfico de drogas e o contrabando de armas na chamada fronteira seca do País. A ousadia das principais facções criminosas é tamanha, que passaram a atuar diretamente na Bolívia, evitando a ação dos intermediadores do tráfico.

Ao longo dos anos, o tráfico de drogas tornou-se um bilionário e lucrativo negócio transnacional, sendo que as autoridades nada fazem para combater um problema que vem arruinando a vida de muitas famílias, seja pela dependência química, seja pelos crimes cometidos na esteira dos subterrâneos das drogas. Para que o leitor tenha ideia do descalabro que representa a inoperância do governo petista em relação à vigilância das fronteiras verde-louras, na vizinha Bolívia a produção de pasta-base de cocaína aumentou de 50 toneladas para 300 toneladas ano, benesse concedida aos produtores da droga pelo cocalero Evo Morales, presidente do país sul-americano.

O Brasil, pela proximidade com a Bolívia, tornou-se não apenas rota de passagem das drogas enviadas a outros países, mas um dos maiores consumidores de cocaína e seus peçonhentos derivados. Realidade triste que pode ser constatada nas ruas das principais cidades brasileiras, onde o consumo de crack aumenta de forma impressionante.

A aquiescência do Palácio do Planalto no caso de tráfico de drogas da fronteira decorre de uma questão ideológica. Além de a Bolívia estar genuflexa à cartilha de Havana, escrita pelos irmãos ditadores Fidel e Raúl Castro, no rol dos signatários do malfadado Foro de São Paulo está o grupo denominado Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), cuja sobrevivência depende do tráfico de drogas. Não custa lembrar que durante o período em que esteve foragido, o megatraficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, contou com a proteção das FARC.

Ademais, se Aécio Neves continua sendo alvo de críticas por causa dos números da segurança pública em Minas Gerais, o ministro não tem moral para falar sobre o tema ou rebater declarações de adversários políticos. Até porque, não bastassem os registros anteriores, um deputado estadual do PT, Luiz Moura (SP), participou, em março deste ano, de reunião em que estavam presentes pelo menos treze (o número é sugestivo) integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Entre os participantes desse nada inocente encontro, que ocorreu em uma cooperativa de ônibus da capital paulista, estava um dos ladrões que assaltaram a sede do Banco Central, no Ceará, em 2005, ocasião em que os marginais levaram a bagatela de R$ 164,8 milhões.

Luiz Moura é ligado ao secretário municipal de Transportes de São Paulo, o petista Jilmar Tatto, que no passado, à época em que ocupou a pasta na administração da companheira Marta Suplicy, foi investigado por suposta conexão com perueiros do PCC. Ou seja, o ministro da Justiça perdeu a oportunidade de permanecer em silêncio, não sem antes admitir que o desgoverno de Dilma Rousseff é omisso em relação ao combate ao tráfico de drogas e contrabando de armas.