Pancadaria política – Os aliados da senadora Gleisi Hoffmann (PT) retomaram a pesada artilharia contra o também senador Roberto Requião (PMDB) nas redes sociais. Os dois grupos políticos trocam chumbo desde que ficou claro que está se afunilando a disputa pela vaga, no segundo turno, contra o governador Beto Richa (PSDB) na corrida ao Palácio Iguaçu, sede do Executivo paranaense.
Os petistas divulgaram que Requião deixou um rombo de R$ 9 bilhões na previdência estadual, provocando impacto no atual e nos próximos governos. Em seu primeiro governo, em 1993, Requião extinguiu o fundo capitalizado do Estado e utilizou os recursos previdenciários existentes para outros fins.
Em 1998, Jaime Lerner criou novamente um fundo capitalizado com vistas ao equilíbrio futuro da previdência estadual, mas em 2010, Requião entregou o governo do estado com o fundo capitalizado contabilizando um desequilíbrio de R$ 9 bilhões: R$ 5,5 bilhões em haveres atuariais e R$ 3,5 bilhões em déficit atuarial. A herança de Requião estaria ameaçando a aposentadoria de milhares de funcionários públicos do Paraná.
Os petistas envenenam essas informações com dados que incomodam Requião. Ao mesmo tempo em que colocou as pensões dos funcionários em perigo, o senador brigou na Justiça para garantir para si mesmo uma aposentadoria nababesca: R$ 26.589,68 como pensão vitalícia de ex-governador. Os “gleisistas” apontam o caso como demonstração de cinismo de Requião, que sempre se declarou contra a aposentadoria de ex-governador.
Agora, além de não considerar a aposentadoria “imoral”, Requião brigou pelo benefício na Justiça e o justifica com um argumento no mínimo original. A pensão seria necessária para que ele pagasse as multas que judiciais que recebe por distribuir acusações de corrupção a torto e direito. Como não consegue comprovar suas denuncias é regularmente condenado a indenizar as vítimas de suas calúnias.
A pensão seria, segundo o próprio Requião, “uma espécie de legítima defesa do patrimônio de minha família”. Ou seja, segundo esse originalíssimo raciocínio, o dinheiro público da aposentadoria milionária seria necessário para que o senador continue a exercer sua conhecida incontinência verbal, caluniando gregos e troianos, sem que seu patrimônio privado sofra consequências.
Dos males o menor
O cabo de guerra que se formou entre Requião e Gleisi não apenas revela a degradação da política nacional, mas permite concluir que a briga interessa ao Palácio do Planalto, que trabalham intensamente pela eleição da ex-chefe da Casa Civil. A disputa, que pode ser de encomenda e não traz denúncias novas, serve para impedir que a decisão sobre a sucessão no Paraná não seja definida no primeiro turno.
Na condição de um dos mais importantes estados da federação, o Paraná não merece disputa tão degradante e que mais uma vez destaca apenas os interesses partidários e pessoais, não dos cidadãos. Que nas eleições de outubro próximo os paranaenses coloquem a mão na consciência diante das urnas e escolham o menor dos males, até porque nenhum candidato, dos que se apresentam, tem cabedal para conquistar a confiança do eleitor.