Brasileiros continuam tentando decifrar a estranha letra do “hino oficial” da Copa do Mundo

(Danilo Verpa - Folhapress)
(Danilo Verpa – Folhapress)
Fora do tom – Comentar sobre a ridícula abertura da Copa do Mundo, no Itaquerão, é o mesmo que enxugar gelo. Tanta gente reclamou, que a indignação da população, que esperava um espetáculo, parece um viral desses que se disseminam pelas redes sociais como rastilho de pólvora. Pessoas de 10 a 80 anos, de todas as classes sociais e culturais, despejaram críticas sobre um show (sic) que mais parecia uma apresentação mambembe de escola normalista.

Deixando de lado o show de abertura da Copa, que teve seu ponto alto com as curvas de Claudia Leitte e Jennifer Lopez, a música da competição, espécie de hino oficial, é algo simplesmente incompreensível. Durante a apresentação das duas cantoras, ao lado do rapper Pitbull, que emergiram de uma bola estranha e mal acabada, foi grande o esforço dos que se postaram diante da televisão para tentar compreender minimamente a letra de “We Are One (Ole Ola)”.

É verdade que a Copa é um evento global, mas “We Are One” nada tem a ver com a música brasileira. Se o show de abertura da Copa tentou mostrar ao público particularidades do Brasil, por qual razão essa tese não foi repetida no hino oficial?

O coquetel musical que misturou pop, rap, pancadão e samba, com direito ao coro enfadonho de “olê, olá”, foi ousado demais e morreu na praia. Fora isso, a música não empolga. Tivesse de empolgar, a música já estaria sendo cantada desde o lançamento, o que não aconteceu.

(Danile Verpa - Folhapress)
(Danile Verpa – Folhapress)

De quebra, além do “olê, olá”, a única parte minimamente compreensível da música é o trechinho cantado por Claudia Leitte. Em um país cuja extensa maioria da população não compreende sequer o próprio idioma, uma música cantada na maior parte em inglês e com pitadas de espanhol é o que se pode chamar de burrice com falta de sensibilidade, pois afinal as autoridades garantiram que a Copa seria para o povo brasileiro.

Fato é que a organização do evento perdeu a chance de fazer bonito em meio a tantas lambanças patrocinadas por governos e autoridades, como atraso nas obras, desperdício de dinheiro público, estádios superfaturados e desnecessários, promessas não cumpridas. Bastava chamar algum carnavalesco competente ou contratar uma das muitas escolas de samba que quando entram na avenida atraem a atenção de boa parte do planeta.

Lula prometeu que o Brasil faria a maior Copa de todos os tempos. Dilma garantiu que esta seria a Copa das Copas. Nada disso aconteceu e já tem brasileiro com saudades da Copa na África do Sul e a apresentação de Shakira, que conseguiu a proeza de colocar o bispo Desmond Tutu para chacoalhar o esqueleto. Quem sabe na próxima Copa os brasileiros acertam a mão, porque o pé tem contado com sempre malandro apito amigo.

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