Tiro ao alvo – O Boeing 777 da Malaysia Airlines, como 298 pessoas a bordo e que caiu na Ucrânia, foi derrubado na quinta-feira (17) por um míssil terra-ar operado por separatistas pró-Rússia, afirmaram os Estados Unidos.
“Um grupo de separatistas não pode derrubar um avião de transporte ou um jato de guerra sem equipamentos sofisticados e treinamento sofisticado, e isso está vindo da Rússia”, declarou o presidente Barack Obama, em pronunciamento na Casa Branca, ao fazer referência a três aeronaves atingidas pelos separatistas antes da queda do avião comercial malaio.
O voo MH17, que partiu de Amsterdã com destino a Kuala Lumpir, encontrava-se a cerca de dez mil metros de altura, sobrevoando a região de Donetsk, quando desapareceu dos radares. Apenas 17 minutos depois, Igor Strelkov, ministro da Defesa da República de Donetsk, proclamada pelos separatistas, escreveu na plataforma russa na internet VKontakte: “Acabamos de abater um AN-26”. Strelkov referia-se a uma aeronave militar de transporte, de fabricação soviética, que também está a serviço da Força Aérea da Ucrânia.
Na rede social foi publicado também um vídeo com imagens que se assemelham a fotos do local da queda do Boeing. Além disso, Strelkov escreveu que a aeronave derrubada pelos rebeldes teria caído perto da mina de Petropavlovskaya, não muito distante do local da queda da aeronave da Malaysia Airlines.
Envolvimento rebelde
A postagem de Strelkov no site VKontakte foi apagada pouco tempo depois, mas o Exército ucraniano já havia salvado o comentário e encaminhado o texto à imprensa, com tradução em inglês. Além disso, o serviço secreto ucraniano SBU divulgou conversas telefônicas entre dois líderes rebeldes que haviam sido grampeados. Nas gravações, eles afirmam ter derrubado um avião de passageiros.
O governo dos EUA vê a Rússia como uma das responsáveis pela tragédia. “O incidente ocorreu no contexto de uma crise na Ucrânia, que é alimentada pelo apoio russo aos separatistas, com armas, equipamentos e treinamento”, informou a Casa Branca.
A princípio, os separatistas negam que tenham equipamento capaz de abater uma aeronave a dez mil metros de altura, mas horas antes da tragédia ainda era possível ver na conta de Twitter da autoproclamada República de Donetsk que os rebeldes haviam roubado do Exército ucraniano mísseis terra-ar do tipo Buk. O comentário também foi apagado posteriormente.
O Exército ucraniano havia confirmado bem antes do acidente com o Boeing 777 que os separatistas possuíam mísseis do tipo Buk, que, segundo seu fabricante, podem alcançar alvos a até 25 mil metros de altura.
De acordo com a imprensa local, as autoridades de Kiev afirmaram nesta sexta-feira (18) que os mísseis do tipo que os separatistas tomaram do Exército da Ucrânia, em junho, não estavam prontos para utilização. Para o governo ucraniano, um sistema Buk, com mísseis e pessoal capaz de operá-lo, teria sido trazido da Rússia.
Digital do Kremlin
O presidente russo Vladimir Putin, que está sendo acusado por autoridades internacionais de participação indireta no acidente, tenta transferir toda a responsabilidade para o governo da Ucrânia, ao mesmo tempo em que defende o fim pacífico do conflito na região.
Desde que passou a apoiar e a municiar os separatistas pró-Rússia, Putin passou a perder terreno na comunidade internacional, movimento que teve início com a bizarra anexação da Crimeia. Nos últimos dias, alguns países aprovaram novas sanções à Rússia, principalmente financeiras, comerciais e de defesa. A derrubada do Boeing da Malaysia Airliens pode ter sido uma resposta às sanções impostas ao governo de Moscou, operação que tem a liderança dos Estados Unidos e da Alemanha.
É natural que Vladimir Putin queira sair do olho do furacão, mas não se pode esquecer que antes de ser presidente, o atual inquilino do Kremlin foi um atuante agente da KGB, o serviço secreto russo. E como tal jamais mediu esforços ou agarrou-se a escrúpulos para alcançar seus objetivos. Aliás, a KGB é conhecida pela implacabilidade de suas ações.
Com o início do movimento dos separatistas, Putin passou a fornecer aos rebeldes não apenas armamentos, mas dinheiro e mercenários treinados por especialistas russos. Vivendo um momento político complicado, em especial porque muitas das repúblicas da região estão se aliando à União Europeia, Vladimir Putin tenta ressuscitar o patriotismo soviético inflando os descendentes de russos que vivem nas cercanias da outrora terra dos czares. (Com agências internacionais)