A chave do tamanho

(*) Carlos Brickmann –

carlos_brickmann_13Dilma está muito na frente, mas em risco; Aécio cresceu pouco, mas se chegar ao segundo turno pode ameaçar a favorita; Eduardo Campos está lá embaixo nas pesquisas, com menos de dez pontos (contra 36 de Dilma). Mas é ele a chave das próximas eleições presidenciais. Se Campos continuar encalacrado, com baixas porcentagens, aumenta muito a possibilidade de vitória de Dilma.

Os cálculos oposicionistas não levam em conta apenas as pesquisas, mas também a origem dos votos de cada candidato. Em 2010, contra José Serra, Dilma teve 14,5 milhões de votos de vantagem no primeiro turno. Imagina-se que, agora, a votação da presidente seja corroída em lugares importantes: na Bahia, onde ACM Neto tem prestígio e apoia Aécio; no Ceará, onde o candidato favorito Eunício Oliveira está com a presidente mas sem entusiasmo, e aliado ao tucano Tasso Jereissati, que é Aécio; em Pernambuco, onde Eduardo Campos tem força; no Rio, onde ninguém ainda sabe direito quem está com quem; e em Minas, a fortaleza de Aécio. Nesses Estados, em 2010, Dilma teve vantagem de pouco mais de 10 milhões de votos. Mesmo que toda essa diferença fosse anulada, ainda faltariam votos à oposição – votos que, esperava-se, Eduardo Campos lhe tiraria no Nordeste. O problema é que quem está se derretendo é Eduardo. Alguns de seus votos podem ir para Aécio, mas, no Nordeste, a maioria vai para Dilma.

Aécio deve crescer em São Paulo, com Alckmin, e no Rio Grande do Sul, com Ana Amélia, PP.

Mas a chave do tamanho da oposição é Eduardo Campos.

Questão de etiqueta

A pesquisa foi elaborada pelo Instituto Ipsos para a Fiesp, Federação das Indústrias de São Paulo, cujo presidente é um empresário muito próximo do PT, Benjamin Steinbruch: 69% da população estão preocupados com os grandes aumentos de preços nos últimos seis meses. Não importa a faixa de renda, grau de instrução ou idade, a percepção de alta do custo de vida é a mesma. As queixas mais comuns se referem a preços de alimentos, bebidas e alimentação fora de casa. Os salários, segundo a pesquisa, não subiram o suficiente para compensar os preços mais altos. E carestia decide voto – tanto que George Bush, pai, popularíssimo, perdeu a reeleição para Bill Clinton, que só falava de economia.

Seis ou meia dúzia

O ex-governador José Roberto Arruda, ficha-suja que conseguiu registro dias antes da condenação pelo Tribunal de Justiça, tem a candidatura ao Governo de Brasília contestada pelo Ministério Público. Seu partido, o PR – cujo comando nacional está em Brasília, centralizado na cela de Valdemar Costa Neto no presídio da Papuda – analisa a possibilidade de troca de candidato: em vez de Arruda, Liliane Roriz, filha do ficha-suja Joaquim Roriz, ou Gim Argello.

Então, tá.

Volume ocioso

Democracia tem custo e é preciso pagá-lo (até com prazer, porque a falta de democracia é inaceitável e tem custo muito maior). Mas não é preciso exorbitar: o Congresso, sem ter votado a Lei de Diretrizes Orçamentárias, sem o que, de acordo com a Constituição, não poderia entrar em recesso, decidiu-se por uma gambiarra. Suas Excelências não estão em recesso, mas não trabalharão até a eleição – recebendo o salário integral, claro. É recesso, mas não se chama recesso.

Qual o custo? De acordo com a ONG Contas Abertas, o custo do Congresso, funcionando ou não, é de R$ 23,9 milhões por dia – quase um milhão de reais por hora. O cálculo foi feito dividindo-se o orçamento somado da Câmara e do Senado pelo número de dias do ano. E, mesmo quando nada funciona, os gastos se mantêm. Até carros com motorista foram alugados com o Congresso parado.

Tô nem aí

Danúbia de Souza Rangel, a Xerifa da Rocinha, esposa do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, tem duas prisões preventivas em processos por tráfico. Mas fica em casa, em prisão domiciliar, sem monitoramento. É que a Xerifa da Rocinha tem uma filha de quatro anos que ficou muito abalada com a prisão da mãe.

De acordo com o desembargador Siro Darlan, da 7ª Câmara Criminal, o direito à convivência familiar “é tão importante quanto o direito à vida, à saúde, à alimentação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito e à liberdade”.

Como em Campo Grande. MS, não há tornozeleiras eletrônicas, à Xerifa da Rocinha bastou garantir que não sairá de casa.

Problema deles

E os parentes de quem compra drogas, como fica a questão da convivência familiar?

Ora, caro leitor, deixe de ser chato. Cada pergunta difícil!

Boa notícia

A reunião dos chefes de Governo dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) já deu um bom resultado: a Embraer vendeu 60 jatos para a China, sendo 40 para a Tianjin Airways, 20 modelo E-190 e 20 modelo E-190E-2; e 20 jatos E-190 para o Banco Industrial e Comercial da China. Os contratos foram assinados no Palácio do Planalto, na presença dos presidentes Dilma Rousseff e Xi Jinping. Os aviões devem ser entregues entre 2015 e 2018.

Mais de mil jatos foram vendidos desde 2004, para empresas de 45 países.

(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

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