Virou bagunça – Como profetiza o jornalista José Simão, da “Folha de S. Paulo”, o Brasil é o país da piada pronta. Depois de muitas idas e vindas, além de uma enxurrada de declarações polêmicas e comprometedoras, o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu isentar a presidente Dilma Rousseff de qualquer responsabilidade pela compra da obsoleta refinaria de Pasadena, no Texas, assunto que movimentou a imprensa nacional durante meses e puxou o fio de um novo novelo de escândalos com a chancela petista.
O TCU entendeu que o Conselho de Administração da Petrobras, que à época era presidido por Dilma e autorizou o bisonho negócio, não deve ser responsabilizado pela compra que causou prejuízo bilionário (US$ 792 milhões) à petroleira verde-loura.
Se por um lado o TCU decidiu inocentar os membros do Conselho de Administração da Petrobras, que deveria ser todos culpados pela absurda aquisição, por outro responsabilizou os diretores da empresa pelo negócio, que terão de devolver dinheiro aos cofres da estatal.
Com a decisão os ministros do TCU conseguiram reavivar o enfadonho “eu não sabia”, repetido inúmeras vezes pelo então presidente Luiz Inácio da Silva na esteira dos escândalos de corrupção que pontuaram os oito anos em que o petista esteve no Palácio do Planalto. Com isso, o Tribunal também participa do lançamento da “desculpa padrão PT”, pois é inaceitável concordar com uma manobra de bastidor que serviu para tirar Dilma Rousseff do olho do furacão.
É por causa dessa perigosa onda de impunidade que muitos brasileiros perderam a esperança em relação não apenas ao futuro do País, mas também e principalmente em relação ao presente. A decisão unânime tomada pelo plenário do TCU corrobora para que muitos cidadãos sintam-se quase que compelidos a ultrajar a ordem e desrespeitar a legislação vigente, até porque punição é algo que se distancia cada vez mais da realidade.
O acórdão do TCU menciona como possíveis responsáveis pelo prejuízo alguns ex-integrantes da diretoria da Petrobras, como já mencionado nesta matéria, dentre eles o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli.
Os acusados têm a contar desta quarta-feira, quinze dias para a apresentação de defesa e, findo esse prazo, um novo relatório será produzido pelo tribunal, que poderá alterar os valores devidos, incluir e excluir nomes no rol dos responsáveis pelo prejuízo.
Entre as medidas aprovadas pelo plenário do TCU está o bloqueio dos bens em nome dos citados no acórdão. Além do petista José Sérgio Gabrielli, são responsabilizados pelo prejuízo o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, e o ex-diretor de Abastecimento e Refino, Paulo Roberto Costa. Preso pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato, Costa é suspeito de envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef. O bloqueio de bens será inicialmente por um ano e terá validade a partir da citação dos denunciados.