Soltando a voz – Depois de fugir da imprensa durante longos meses para não falar sobre o hediondo escândalo envolvendo Eduardo Gaievski, seu ex-assessor especial e preso pelo estupro de 28 meninas – todas pobres, menores de idade (14 delas vulneráveis, menores de 14 anos, uma delas de 5 anos) – Gleisi Hoffmann, candidata do PT ao governo do Paraná, ficou sem saída durante entrevista à “Rádio Banda B”, de Curitiba, na terça-feira (29), e teve de falar sobre o pedófilo.
Gleisi acabou defendendo o pedófilo, mas abusou do cinismo ao alegar que levou Gaievski para a Casa Civil da Presidência da República como assessor especial e encarregou-o de cuidar das políticas do governo federal para saúde e para crianças e adolescentes. Ressaltou a petista que Eduardo Gaievski foi um grande prefeito de Realeza, cidade do interior do Paraná. “Foi eleito com uma grande vantagem e reeleito com 80% dos votos e foi um prefeito que ganhou prêmio com relação à saúde. Foi um dos motivos que me levou a convidá-lo para me ajudar num programa de saúde do governo federal”.
Sobre as vítimas de Gaievski, nem uma palavra de solidariedade (embora o pedófilo esteja sendo processado por 28 estupros comprovados, a estimativa é que tenha molestado até 200 meninas). A petista limitou-se a dizer que ficou “muito triste” e que, como a cidade de Realeza, “eu não tinha nenhum conhecimento sobre o caso”.
Existem muitas dúvidas sobre a alegada ignorância de Gleisi Hoffmann sobre as atividades monstruosas de seu ex-auxiliar. Gaievski jamais fez segredo dos seus estupros e gabava-se, em roda de amigos, de manter relações com menores de idade. O pedófilo carregava no celular as fotos de mais 50 adolescentes nuas com quem havia mantido relações sexuais. Os abusos de Gaievski eram bastante conhecidos não apenas na cidade de Realeza, mas também e principalmente na cúpula do PT paranaense.
O Ministério Público investigava Gaievski há mais de dois anos quando Gleisi levou-o para a Casa Civil. Até hoje não se sabe como o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI) e a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), a quem cabe investigar o currículo dos indicados a cargos palacianos, não encontrou a ficha do pedófilo que à época já estava disponível na internet. A única explicação viável – além de uma sobrenatural incompetência dos serviços de informação do governo – é que alguém bancou a indicação de Gaievski, apesar dos alertas sobre a inconveniência de levar alguém com esse perfil para o Palácio do Planalto e que durante meses trabalhou a poucos metros da presidente Dilma Rousseff.
Sobre André Vargas, coordenador de sua campanha ao governo do Paraná, Gleisi também abusou do cinismo e defendeu o deputado. Afirmou que Vargas era um deputado com grande importância, era vice-presidente da Câmara e tinha muitas relações políticas. Alegou também a senadora-candidata que ficou surpresa com a “situação que o acabou afetando”. André Vargas é causado pela Policia Federal de ser o sócio oculto do doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato.
Os “homens fortes” de Gleisi compartilham situações complicadas. André Vargas, coordenador de campanha, foge da Comissão de Ética da Câmara Federal, numa tentativa de evitar a cassação de mandato. Eduardo Gaievski, preso em uma penitenciária em Francisco Beltrão, aguarda a sentença, que pode sair a qualquer momento, pelos seus muitos crimes hediondos praticados contra meninas pobres.