Silêncio estranho – O fato de estar governador e liderar as pesquisas eleitorais não dá a Geraldo Alckmin, candidato à reeleição pelo PSDB, o direito de omitir da opinião pública a verdade dos fatos. Quando surgiu no cardápio político nacional o escândalo de pagamento de propinas e superfaturamento de contratos por parte de empresas fornecedoras de matéria metroferroviário, Alckmin limitou-se a negar os fatos, sem jamais ter solicitado uma investigação profunda e detalhada do caso, o que ocorreu depois de o assunto reverberar na imprensa.
A acusação partiu do PT, que naquele momento já sabia das dificuldades que enfrentaria para tentar tomar de assalto o Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista e sonho de consumo da cúpula do partido. O que era mera denúncia culminou com a abertura de inquérito na Polícia Federal, o que só foi possível porque o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, se valeu do cargo e de um documento grosseiramente adulterado e que supostamente contém indícios de corrupção.
O ucho.info não está a afirmar que o assunto deva ser engavetado, pelo contrário, pois como sempre afirmamos a política é um negócio milionário, que como tal exige rios de dinheiro para o seu exercício. Ou seja, a política não é uma reunião de querubins barrocos bem intencionados e desprovidos de quaisquer interesses pessoais.
Por ocasião da primeira entrevista concedida sobre o escândalo Metrô-CPTM, Geraldo Alckmin anunciou a criação de uma auditoria independente para analisar o caso e identificar possíveis transgressões por parte dos agentes do Estado. Acontece que o tempo passou, o assunto caiu no esquecimento e a tal auditoria não produziu um relatório sequer que tenha chegado ao conhecimento público.
Por certo surgirão os indignados para dizer que esse tipo de ação requer tempo e que Alckmin é o típico “bom moço”, mas o que está em jogo é o suado dinheiro do contribuinte, que foi abocanhado por delinquentes que se valem dos respectivos cargos para patrocinar as conhecidas roubalheiras que fazem o folclore da política brasileira, a ponto de alguns gatunos conhecidos e com mandato se notabilizarem por expressões como “rouba, mas faz”.
Alckmin estaria reeleito no primeiro turno se a eleição para o governo paulista fosse hoje, mas isso não significa que o tucano pode deixar de informar aos cidadãos os desenrolar das investigações do caso envolvendo o Metrô e a CPTM. O PSDB, em especial o capítulo paulista da legenda, adora caminhas sobre saltos altos, mas é preciso lembrar a Geraldo Alckmin que ganha-se uma eleição após a contabilização do último voto. Até lá é corda bamba constante.