Cocheira da corrupção – Durante os oito anos em que esteve à frente do governo do Paraná (2003-2010), o peemedebista Roberto Requião manteve 88 cavalos, tratados e mantidos com dinheiro público (custo estimado em R$ 8 milhões), na residência oficial rural Granja do Canguiri. Os animais eram usados para alegres cavalgadas matinais com amigos do político que por conta do temperamento explosivo passou a ser chamado de “Maria Louca”.
Quando deixou o governo, Requião doou 29 cavalos (os mais velhos e menos saudáveis) à Polícia Militar do Paraná. Manteve tropa de 59 quadrúpedes, os quais foram transferidos para uma propriedade particular em Campo Largo, cidade da Região Metropolitana de Curitiba. A denúncia, divulgada pelo ucho.info na edição de 12 de maio deste ano, foi reproduzida na edição desta quinta-feira, 7 de agosto, do jornal Folha de S. Paulo.
Contudo, a Folha não revela o destino da tropa do senador. Os equinos foram instalados no Haras Rio Verde, propriedade de Luís Mussi (na foto, de jaqueta vermelha). Empresário e segundo suplente de Requião no Senado, Mussi é investigado pela Polícia Federal na Operação Dallas, por participação em esquema criminoso envolvendo a compra de uma draga chinesa para o Porto de Paranaguá em 2010.
A compra do equipamento renderia US$ 5 milhões em propina, que seria dividida entre Eduardo Requião (50%), irmão do então governador Roberto Requião e Luís Mussi, ex-assessor especial do governo do Paraná, e dono do haras que abrigou a tropa de Requião quando este deixou o governo.
“Nas conversas narradas nos relatórios da PF, obtidos com exclusividade pela Gazeta do Povo e que fazem parte da investigação da Operação Dallas, o ex-superintendente Daniel Lúcio de Oliveira de Souza fala que Eduardo Requião, citado nas conversas como “Crocodilo”, receberia US$ 2,5 milhões (R$ 4,2 milhões) em propina caso a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) comprasse a draga da empresa Global Connection”, relata o jornal Gazeta do Povo.
“A outra metade da propina, segundo documento da PF, seria dividida após a conclusão da licitação. Dois dos supostos beneficiários seriam o empresário Luís Guilherme Gomes Mussi, ex-assessor especial do governo e segundo suplente do senador Roberto Requião, e Carlos Augusto Moreira Júnior, que foi chefe de gabinete do ex-governador, disputou a prefeitura de Curitiba em 2008 pelo PMDB e é ex-reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR)”, prossegue o jornal.
De acordo com a Gazeta, as evidências de crime foram obtidas “após seis meses de monitoramento telefônico, autorizado pela Justiça Federal, a PF pediu ao Poder Judiciário que chegou a pedir prisão de Eduardo Requião e de Luís Mussi, entre outros envolvidos, por entender que havia provas do envolvimento deles na tentativa de fraudar a licitação. “Há provas suficientes de que houve conluio entre agentes públicos e privados para que fosse direcionada a licitação para a compra da draga”. Os pedidos de prisão, no entanto, foram negados.
As investigações da Operação Dallas trouxeram a publico outro caso intrigante. O hábito do superintendente dos portos de Paranaguá e Antonina de guardar montanhas de dólares em casa. “Em uma troca de e-mails, datados de 4 de abril de 2010, dois dos investigados falam sobre o fato de Eduardo Requião guardar dólares em apartamentos em Curitiba e no Rio de Janeiro. O relatório da PF mostra ainda que um dos investigados relatou que Eduardo Requião tem uma conta nos Estados Unidos”.