Corda esticada – O Exército ucraniano isolou totalmente da fronteira russa o reduto separatista de Lugansk. Segundo divulgou seu porta-voz, nesta quinta-feira (14) os militares colocaram sob seu controle a última via de acesso aos limites nacionais. Entre os rebeldes, mais dois líderes renunciaram a seus cargos.
Há meses Kiev tenta conquistar as duas cidadelas pró-russas Lugansk e Donetsk, no leste da Ucrânia, contra forte resistência dos milicianos pró-Moscou. Nesta quinta-feira as tropas governamentais redobraram os disparos sobre ambas capitais regionais, atingindo pela primeira vez o centro de Donetsk.
Duas pessoas moram mortas e sete ficaram feridas na explosão de diversas granadas de morteiro, segundo informou a administração local. Subiu para 74 mortos e 116 feridos o balanço dos últimos três dias de combates na província de Donetsk.
Em Lugansk, ataques de artilharia mataram no mínimo 22 moradores no espaço de 24 horas. Na véspera, numa “estimativa muito cautelosa”, a Organização das Nações Unidas anunciara que, nas últimas duas semanas, o número de vítimas na Ucrânia Oriental quase dobrou, alcançando 2.086.
Duas semanas sem água e eletricidade
A liderança da separatista “República Popular de Donetsk”, proclamada unilateralmente, aceitou a renúncia de seu “ministro da Defesa”, o russo Igor Strelkov. Segundo Kiev, o nome verdadeiro do ex-comandante militar dos rebeldes é Igor Girkin e ele é um coronel do serviço secreto militar russo.
Também o “chefe de governo” de Lugansk, Valeri Bolotov, entregou seu posto temporariamente, alegando ferimentos, e será substituído por seu “ministro da Defesa” Igor Plotnitski. No início de agosto, o “chefe de governo” de Donetsk, Alexander Boroday, igualmente apresentara sua renúncia.
A situação humanitária na região se agrava, sobretudo em Lugansk. Na cidade de 250 mil habitantes há duas semanas não há mais eletricidade nem água, e gêneros alimentícios e combustível se tornam escassos.
Enquanto isso, segue para o quinto dia o impasse em torno do suposto comboio de ajuda humanitária de 280 caminhões, enviado por Moscou sem o aval de Kiev nem do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que coordena a operação humanitária na região de conflito.
O governo ucraniano e seus aliados ocidentais temem que os bens de ajuda se destinem principalmente aos rebeldes, ou até mesmo que o comboio seja um estratagema para encobrir uma intervenção militar russa. Depois de atravessar a região de Rostov, no sul da Rússia, os veículos estão estacionados próximo à fronteira ucraniana.
Putin promete fim de conflitos
O presidente russo, Vladimir Putin, visitou nesta quinta-feira a Crimeia, para um encontro com o governo e parlamentares locais na cidade de Ialta. Anteriormente território ucraniano, a península no Mar Negro foi anexada pela Rússia em março, agravando seriamente a crise russo-ucraniana.
Referindo-se ao conflito no leste da Ucrânia, Putin comentou que “o país mergulhou num caos sangrento, numa guerra fraternal assassina”. Ele definiu a atual situação como uma catástrofe humanitária e prometeu que Moscou “fará tudo em seu poder para dar fim aos combates, o mais breve possível”.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, reagiu com reserva às afirmativas do chefe do Kremlin: “Se se trata de uma tentativa séria de desescar a situação, então saúdo cordialmente o discurso.” Entretanto, já houve repetidas declarações semelhantes, sem resultarem em ações condizentes, ressalvou o chefe da Aliança Atlântica.
Em Kiev, o Parlamento (Verkhovna Rada) aprovou um pacote de sanções contra a Rússia. Na lista proposta pelo chefe de governo Arseniy Yatsenyuk e ratificada integralmente estão 65 firmas e 172 pessoas da Rússia e de outros Estados. (Com agências internacionais)