Revirando a tumba – Líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Antônio Imbassahy (BA) baseou-se na Lei de Acesso a Informações para enviar, na segunda-feira (25/08), requerimento de informações ao ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, questionando detalhes sobre as providências adotadas pelo governo em relação à denúncia feita pelo empresário Marcos Valério em dezembro de 2012.
Na ocasião, Valério, o operador do caixa do Mensalão do PT, revelou que dirigentes do partido pediram R$ 6 milhões que seriam destinados ao empresário Ronan Maria Pinto para encerrar suposta chantagem sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o então secretário da Presidência, Gilberto Carvalho, e o então ministro da Casa Civil, José Dirceu – relacionando os três às suspeitas de corrupção que teriam motivado o assassinato do prefeito Celso Daniel, em 2002.
O parlamentar do PSDB lembra que a imprensa noticiou logo após as denúncias, ainda em 2012, que a presidente Dilma Rousseff teria pessoalmente dado ordens ao ministro José Eduardo Cardozo e diversos outros ministros para que defendessem o ex-presidente Lula e empreendessem “uma ação coordenada a fim de tentar desqualificar o depoimento prestado” pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza à Procuradoria-Geral da República. Algo que, logo em seguida, de fato ocorreu: o ministro da Justiça afirmou que “como brasileiro, eu defendo [Lula] como grande presidente que o Brasil teve e, sinceramente, não acho esse depoimento digno de credibilidade”.
“Queremos saber que andamento foi dado às denúncias que agora parecem se confirmar, após a apreensão no escritório de Youssef de um contrato de empréstimo entre Marcos Valério e uma empresa de Ronan exatamente no mesmo valor denunciado à época. Na ocasião, o ministro da Justiça apressou-se em desqualificar o depoimento, argumentando justamente a falta de credibilidade do denunciante, já então sob julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas qual terá sido o procedimento tomado por aquele que um dia vangloriou-se de não ignorar nem engavetar as denúncias que recebe? Ele não pode agora desqualificar a própria Polícia Federal”, disse Imbassahy.
“Me parece cada vez mais claro que o STF identificou e julgou apenas um dos braços do Mensalão. A operação Lava Jato tem revelado outros desdobramentos de uma organização criminosa que não estava entranhada no Estado brasileiro, mas dele fazia parte – e sua última grande vítima foi justamente a Petrobrás, arrasada por denúncias de superfaturamento, desvios e situações racionalmente inexplicáveis como os prejuízos causados pela compra de Pasadena e pela construção da usina de Abreu e Lima, que já consumiu quase dez vezes o valor inicialmente previsto”, completou.