Vice de Marina Silva abusa da ironia para minimizar a responsabilidade do PSB no caso do avião “laranja”

(Edson Silva - Folhapress)
(Edson Silva – Folhapress)
Galhofa socialista – Candidato a vice-presidente da República na chapa do PSB, o gaúcho Luiz Roberto de Albuquerque, conhecido na seara política como Beto Albuquerque, parece ter se transformado no “respondedor oficial” de Marina Silva para assuntos aeronáuticos. Isso porque a presidenciável declarou, dias atrás, que esperava que o PSB providenciasse a devida explicação sobre o uso da aeronave que caiu em Santos e matou Eduardo Campos e outras seis pessoas, mas até agora o partido não conseguiu convencer com as desculpas apresentadas.

Na quinta-feira (28), quando Marina foi questionada sobre o fato de que empresas fantasmas pagaram a grupo empresarial dono do Citation 560 XLS, Beto Albuquerque ironizou ao responder aos jornalistas que participavam de entrevista coletiva concedida pela candidata do PSB em feira no interior de São Paulo. “É a mesma coisa que entrar em um táxi e perguntar para o motorista se o carro é roubado ou não”, disse Albuquerque.

Considerando que o Brasil ainda é uma democracia e que a Constituição Federal garante a livre manifestação do pensamento, o companheiro de chama de Marina Silva pode dizer o que quiser, desde que não queira desdenhar do raciocínio da porção pensante da população. De fato ninguém pergunta ao motorista do táxi sobre a procedência do veículo, mas não se embarca em um avião fazendo um simples sinal com a mão. Aliás, o PSB, Eduardo Campos e Marina Silva sabiam das regras eleitorais muito antes do início oficial da campanha.

Extratos bancários mostram que a empresa AF Andrade, que nos registros da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) aparece como proprietária da aeronave acidentada, recebeu R$ 1.710.297,03, valor supostamente pago para comprar o jato que vinha sendo utilizado por Eduardo Campos e Marina Silva. As transferências partiram de seis pessoas físicas e jurídicas, entre as quais empresas mantidas em endereços onde funcionam uma peixaria, uma residência, uma sala vazia e uma casa abandonada em Pernambuco.

A empresa (AF Andrade), que arrendou o avião junto à fabricante Cessna, informa que repassou o jato para um empresário pernambucano, que o emprestou para a campanha de Campos.

Na quarta-feira (27), ao ser questionada, no Jornal Nacional, se em nenhum momento pensou em arguir sobre eventuais irregularidades no uso do avião, Marina Silva limitou-se a responder que foi informada de que a aeronave fora emprestada, sendo que até o final da campanha, dentro do prazo legal, o proprietário do jato seria ressarcido pelo comitê financeiro de Eduardo Campos. Ora, se o avião foi de fato emprestado não haveria razão para o partido pagar qualquer valor pelo uso da mesma. Isso significa que a história – tem jeito de estória – está mal contada ou tem alguém mentindo.

Marina tenta passar ao eleitor a ideia de que é a versão de saia de Mahatma Gandhi, mas é bom lembrar que político inocente ainda está para ser inventado. Marina e Eduardo não tomaram um avião emprestado para ir a uma festa de arromba, mas para usar em uma campanha presidencial. Ou seja, era preciso se preocupar com detalhes importantes, como a procedência da aeronave e as condições do tal empréstimo.

Esse bambolê discursivo entre Marina Silva e Beto Albuquerque foi devidamente combinado e ensaiado, pois sabe-se que a Justiça Eleitoral, se levar ao pé da letra a legislação vigente, terá de cassar o registro da candidatura do PSB. A chance de isso acontecer é pequena, mas Marina tenta evitar que o assunto provoque estragos em sua campanha. Tanto é assim, que a candidata ora culpa o defunto, ora responsabiliza o partido.

Para esclarecer a afirmação de que é quase impossível que ocorra a cassação do registro da candidatura do PSB, o ucho.info lembra que a Justiça Eleitoral nada fez quando veio à tona a confirmação de que a campanha de Lula, em 2002, depositou em conta bancária aberta em paraíso fiscal parte dos honorários do marqueteiro Duda Mendonça. A informação surgiu em meio à CPI dos Correios, em 2005, quando Lula poderia ter perdido o mandato por conta de um crime eleitoral. Como à época a oposição mostrou-se frouxa e soberba mais uma vez, o ex-metalúrgico continuou no poder. A única diferença em relação ao caso do avião usado por Eduardo e Marina é que ao PT interessa destronar a ex-ministra do Meio Ambiente.

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