Pesquisas mostram a dificuldade crescente do tucano Aécio Neves de se comunicar com o eleitorado

aecio_neves_18Raio-X – Quando o ucho.info afirmou recentemente, após a divulgação de pesquisas eleitorais, que com a repentina queda o tucano Aécio Neves deveria mirar na presidente Dilma para tentar reverter o quadro da corrida ao Palácio do Planalto, integrantes do PSDB e simpatizantes da candidatura do senador mineiro nos dedicaram críticas, como se trinta anos de experiência do editor como jornalista político não fosse um fato a ser considerado. De igual modo, o site foi duramente criticado quando, ainda no começo da campanha destacou que o discurso de Aécio era pouco convincente e de difícil compreensão pelas camadas mais baixas da sociedade. O que ficou claro no primeiro debate entre presidenciáveis.

Quem leu nas entrelinhas as recentes pesquisas de intenção de voto pode conferir que a campanha de Aécio Neves nasceu equivocada, pois com a entrada de Marina Silva (PSB) no páreo o candidato tucano perdeu eleitorado em todos os segmentos sociais. O que significa que não apenas o discurso de Aécio é pouco convincente, mas a população acabou cansando da polarização entre o PSDB e o PT, que dominou a cena eleitoral nos últimos vinte anos.

A não aceitação da realidade por parte dos tucanos fez com que Aécio se distanciasse ainda mais de Marina Silva e acompanhasse uma pequena recuperação por parte de Dilma Rousseff, conforme demonstram as recentes pesquisas Ibope e Datafolha sobre a disputa presidencial. A singela recuperação de Dilma devolveu ânimo ao staff da campanha petista. Ou seja, a nossa leitura sobre a postura de Aécio estava correta.

A economia brasileira vive uma grave crise, com reflexos em todos os setores, mas nada disso vem sendo explorado pelo presidenciável do PSDB em seus programas eleitorais e nas entrevistas. A falta de um discurso didático capaz de mostrar aos mais desavisados o que representa a reeleição de Dilma Rousseff tem sido a grande persistente falha da campanha de Aécio, que continua a discursar como se estivesse em um evento na sede da ONU ou em um chá da tarde na Academia Brasileira de Letras, a ABL.

Enquanto Aécio despenca nas pesquisas, ciente de que a derrota lhe bate à porta, seu candidato a vice, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), continua tecendo críticas a Marina Silva, que consolidou sua candidatura em apenas duas semanas. Além de representar uma novidade para os eleitores, o que não significa competência e eficácia, Marina traz na bagagem a expressiva votação conquistada na eleição de 2010. A isso a candidata do PSB agregou novos eleitores, muitos deles cansados da mesmice política que arruína o País. Apesar de falar em “nova política”, o que a faz um Collor de saias, Marina Silva não é sinônimo de inovação, pelo menos por enquanto. É, sim, mais do mesmo e de um jeito diferente.

O erro maior do tucanato ocorreu na escolha do candidato a vice. Aloysio Nunes só chegou ao Senado Federal porque Orestes Quércia, que em 2010 liderava a corrida ao Senado em São Paulo, pediu aos seus eleitores, mesmo que no leito de morte, para que despejassem voto em Aloysio, pois a doença o impedia que continuar na disputa. Só assim Aloysio conseguiu ultrapassar Marta Suplicy e abocanhar, em primeiro lugar, um mandato de senador.

Considerando que os resultados das pesquisas atuais podem se confirmar nas urnas, os tucanos estão fadados a continuar contemplando o Palácio do Planalto do outro lado da Praça dos Três Poderes, mesmo que a soberba que reina na legenda muitas vezes atrapalhe a visão. Se inteligentes forem e tiverem disposição de sobra, os integrantes do PSDB deverão tomar como lição a quarta tentativa fracassada de retornar à Presidência da República, reinventando a forma de fazer oposição, que na última década foi simplesmente inócua. Por outro lado, o nosso diagnóstico acerca da candidatura de Aécio Neves foi tão certeiro, que até mesmo alguns integrantes da campanha tucana concordaram com o site. Em suma, 2018 está logo à frente!

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