Martelo batido – Os líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) aprovaram nesta sexta-feira (5), durante cúpula no País de Gales, a criação de uma força de reação rápida e a manutenção de presença contínua no Leste Europeu, onde alguns países-membros estão preocupados com os movimentos russos na Ucrânia. A nova “ponta de lança”, como também é chamada a força de reação rápida, deverá ser formada por milhares de soldados, prontos para entrar em ação em poucos dias.
O secretário-geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen (à esquerda na foto), afirmou que a nova unidade enviará uma mensagem clara para potenciais agressores, como a Rússia. “Se você pensar em atacar um aliado, estará de frente com toda a aliança”, declarou ele durante o encerramento do encontro de dois dias.
Rasmussen disse que a força de reação rápida dará à OTAN uma presença contínua nos territórios mais a leste da aliança, com os países membros contribuindo com tropas em base rotativa. Não houve definição de onde as forças vão ficar baseadas, mas Rasmussen disse que Polônia, Romênia e países bálticos manifestaram interesse em sediar as instalações.
Reino Unido quer contribuir com 3,5 mil soldados
O premiê britânico, David Cameron, disse que seu país está disposto a contribuir com 3.500 soldados para a força de resposta rápida. Ele afirmou que a sede pode ser na Polônia, com unidades avançadas nos países-membros mais orientais e equipamentos estocados lá com antecedência.
Os 28 líderes da OTAN adotaram um Plano de Ação de Prontidão para reforçar a defesa coletiva. “Esta é uma demonstração da nossa solidariedade e nossa determinação”, disse Rasmussen.
A OTAN já tem tropas rotativas nos Estados-membros mais recentes, como a Polônia e os países bálticos, os quais estiveram sob a esfera de influência de Moscou e que agora pediram ajuda diante do comportamento da Rússia em relação à Ucrânia.
As relações da OTAN com a Rússia são baseadas no chamado Ato Fundador entre a OTAN e a Rússia de 1997, que fixa as fronteiras pós-Guerra Fria na Europa Oriental e proíbe ambas as partes de estacionar suas tropas lá permanentemente. O texto também determina que essas fronteiras não podem ser mudadas pela força.
A OTAN e Rasmussen acusaram repetidamente a intervenção da Rússia na Ucrânia de representar uma violação desse tratado que a aliança, por seu lado, afirma continuar a respeitar. Houve especulações de que a OTAN revogaria o Ato Fundador. Mas países como a Alemanha são contra por considerarem que as consequências podem ser graves e piorar a incerteza na região.
A OTAN já tem uma força de reação rápida, mas esta nunca foi ativada e precisa atualmente de semanas para entrar em operação, segundo analistas.
“OTAN está pronta para ajudar o Iraque”
Rasmussen também garantiu que a OTAN está pronta para ajudar o Iraque a lutar contra os jihadistas do “Estado Islâmico” (EI), mas observou que o governo iraquiano não fez qualquer pedido nesse sentido. O secretário-geral afirmou também ser improvável que a OTAN participe de ações militares contra os extremistas, mas disse ser possível que a aliança se engaje numa “missão de capacitação defensiva”.
O presidente dos EUA, Barack Obama, e o premiê britânico, David Cameron, têm pressionado os seus homólogos da OTAN para participar de uma coalizão de nações para combater o EI. À margem da cúpula, eles se reuniram com os demais líderes para tentar obter apoio para o combate ao grupo radical através de poderio militar, esforços diplomáticos e sanções econômicas. Ambos os líderes agendaram, ainda, reuniões nesta sexta-feira com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, um parceiro regional importante, cujo apoio pode ser fundamental. (Com agências internacionais)