Temperatura alta – A reunião extraordinária convocada nesta segunda-feira (8) pelas autoridades da União Europeia (UE) serviu para sacramentar as novas sanções econômicas que serão impostas à Rússia, mas o desfecho do novo pacote teve de ser adiado. Os Estados-membros fracassaram em tentar chegar a um acordo unânime sobre as novas medidas.
O motivo pela falta de consenso teria sido a relutância de alguns dos novos membros da UE em ampliar as sanções, pois ainda dependem do comércio com a Rússia e do fornecimento de energia do país. O pacote com as novas sanções havia sido acordado na sexta-feira pelos diplomatas dos 28 Estados-membros do bloco, mas necessitava ainda da aprovação das capitais.
Na reunião extraordinária, as autoridades “discutiram as modalidades de implementação das sanções à Rússia”, afirmou à agencia AFP um diplomata que não quis ser identificado. Um dos pontos de divergência seria a implementação das novas medidas durante o cessar-fogo no conflito na Ucrânia. Além disso, alguns Estados-membros visam incluir no texto final passagens que deixariam opções para a suspensão das sanções.
Petrolíferas entre os alvos
Se aprovadas, as sanções teriam como objetivo limitar o acesso aos mercados financeiros europeus das empresas petrolíferas russas Rosneft e Transneft, além da unidade de petróleo da empresa de gás natural Gazprom. As três empresas têm mais de 50% de capital estatal.
Em julho deste ano, sanções lançadas pela UE impuseram restrições a setores inteiros da economia russa, além de proibir viagens e congelar bens no exterior pertencentes a pessoas ligadas ao governo.
Resposta “assimétrica”
Também na segunda-feira, a Rússia acenou com possível retaliações contra as novas sanções. O primeiro-ministro russo Dmitri Medvedev qualificou as sanções impostas pela UE como “estúpidas”, e afirmou que Moscou poderá pressionar com medidas para reduzir a dependência das importações, além de proibir o sobrevoo de aeronaves dos países ocidentais sobre seu território.
“Se houver sanções relacionadas ao setor energético, ou futuras restrições ao setor financeiro, iremos responder assimetricamente”, afirmou o primeiro-ministro ao jornal russo Vedomosti.
“Se os aviões ocidentais tiverem que desviar do nosso espaço aéreo, muitas companhias aéreas poderão ir à falência. Não é isso que desejamos. Esperamos apenas que nossos parceiros se deem conta disso”, afirmou o primeiro-ministro. Medvedev acrescentou que as aeronaves de países aliados terão a permissão para sobrevoar a Rússia.
O primeiro-ministro russo ressaltou também que as sanções pouco fizeram para acalmar a situação na Ucrânia, e serviram para motivar os esforços russos para atingir a autossuficiência, também na indústria aeronáutica. (Com agências internacionais)