Operação Lava-Jato: doleiro preso pela Polícia Federal deve passar longos anos atrás das grades

alberto_youssef_02Sol quadrado – Alberto Youssef, o doleiro preso pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato, “não sai tão cedo [da cadeia]”. Essa é opinião de uma das autoridades envolvidas na apuração do caso de corrupção, superfaturamento de contratos, desvio de dinheiro público e lavagem de dinheiro, que em breve deverá ser classificado como o maior escândalo da história brasileira.

A informação obtida pelo editor do ucho.info explica, em tese, a decisão do advogado do doleiro, Antônio Figueiredo Basto, de orientar seu cliente a permanecer calado, o que significa descartar a possibilidade de um acordo de delação premiada. Basto entende que o vazamento de algumas informações que constam dos depoimentos de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, mostra que o Estado não está apto a proteger testemunhas e aqueles que colaboram com a Justiça.

Com dose de lógica, o argumento do advogado pode ser derrubado por detalhes do passado do doleiro, os quais ainda não foram revelados. Alberto Youssef foi flagrado no escândalo do Banestado e à época fez um acordo de delação premiada, mas acabou descumprindo algumas regras. Uma das exigências da Justiça, naquele momento, foi a promessa de que Youssef de que não voltaria a operar no mercado de câmbio, Mas ele retomou as atividades semanas depois do acordo.

Outra exigência é que para deixar o País o doleiro deveria solicitar autorização da Justiça, informando o motivo da viagem, o destino e a data de retorno. Certa vez, ainda operando fortemente José Janene nos subterrâneos da política, Youssef informou às autoridades que necessitava viajar para passar a lua de mel. Na verdade, Alberto Youssef foi Paris francesa na companhia de Janene para tratar de assuntos financeiros em um banco local.

O drible dado nas autoridades foi tratado com bazófia por José Janene em um dos regabofes que o então deputado federal oferecia com constância em sua mansão, em Londrina, no interior do Paraná. As autoridades só souberam da trapaça por ocasião da implosão do esquema criminoso comandado pelo doleiro e que cujas investigações levaram à Operação Lava-Jato.

O desenrolar dos fatos, desde a época do escândalo do Banestado, mostra que Youssef dificilmente proporá um acordo de delação premiada, pois sabe que é grande a chance de a resposta da Justiça ser negativa por conta do passado. Fora isso, existe a possibilidade de Youssef receber uma pena semelhante à imposta a Marcos Valério, condenado a 40 anos de prisão na Ação Penal 470 (Mensalão do PT).

Considerando que uma eventual redução de pena não livraria Youssef de longos anos atrás das grades, a delação premiada deve continuar como ingrediente quase descartável. Até porque, Alberto Youssef tem muito dinheiro no exterior e no momento, mesmo preso, tenta salvar o máximo que pode.

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