Sob pressão – No momento em que reconquistam a liberdade alguns dos presos na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, cumpre-se o que determina a lei, mas nenhuma autoridade envolvida nas investigações se preocupou com o fato de que soltos esses marginais voltarão a se juntar à quadrilha que agia na órbita de um intrincado esquema de corrupção e desvio de dinheiro público.
Há dias, o editor do ucho.info questionou uma dessas autoridades sobre o risco que correm os denunciantes do que pode ser o maior escândalo de corrupção da história nacional. Com certa dose de desdém, a tal autoridade disse que os denunciantes – o editor do ucho.info e o empresário Hermes Magnus – no máximo terão problemas com o doleiro Alberto Youssef, que não sairá tão cedo da prisão, segundo relato do nosso interlocutor.
Imaginar que Youssef não representa risco é no mínimo irresponsabilidade, pois o doleiro comandava a criminosa ciranda financeira que movimentou muito mais do que os R$ 10 bilhões anunciados até agora. Desde a deflagração da Operação Lava-Jato, o ucho.info insiste em afirmar que o risco maior que correm os denunciantes é representado por aqueles que não foram presos pela Polícia Federal e que continuavam agindo nos subterrâneos do poder para recuperar o máximo de dinheiro possível e destruir provas.
Contudo, a grande questão estava nas ameaças que esses quadrilheiros em liberdade poderiam fazer aos denunciantes e às testemunhas. Conforme apurou o site nas últimas horas, algumas testemunhas estão sendo ameaçadas por pessoas que integravam o esquema desde os tempos do finado José Janene, comandante-mor da operação e conhecido no Congresso Nacional como o “Xeique do Mensalão”.
Fora isso, chega a ser escandalosa a forma como telefones e contas de e-mail estão sendo monitorados. No caso do ucho.info, todos os telefones – celulares e fixo – estão grampeados, assim como monitorados são as mensagens trocadas por e-mail. Para que o leitor consiga compreender a ação da quadrilha e também dos implicados, qualquer mensagem alusiva à Operação Lava-Jato é previamente analisada por um bando de delinquentes que age a mando dos culpados. Entre os mandantes há pessoas de todos os naipes, começando por políticos e integrantes do governo, que ao contrário dos discursos moralistas que vociferam não querem que a verdade venha à tona.
As autoridades envolvidas nas investigações da Operação Lava-Jato precisam avaliar com maior cuidado as ordens de soltura, pois até agora o máximo que os denunciantes conseguiram em termos de suposta garantia foi o ingresso no serviço de proteção à testemunha do governo federal, o Provita. Isso significa que nesse caso os que denunciaram o faroeste caboclo que se instalou no governo serão protegidos pelo principal denunciado.
Esse tipo de proteção foi oferecido ao editor por ocasião das denúncias do Mensalão do PT, quando o jornalista foi ameaçado de morte por um alto integrante do governo, que usou sua influência partidária e seus contatos políticos para intimidar quem jamais teve medo de denunciar os desmandos de uma quadrilha que se instalou no poder. Aqui deixamos um alerta aos que continuam nos ameaçando: a Operação Lava-Jato ainda está no começo, apesar de seus vários desdobramentos, e o nosso estoque de informações ainda é grande.