Epidemia rouge – O grande problema do PT é a incapacidade de combinar com antecedência as mentiras que são despejadas sobre a parcela incauta da população. Há dias, a presidente-candidata Dilma Vana Rousseff, que vem enfrentando uma crise de mitomania aguda, disse que a Polícia Federal é um órgão do governo. Uma espécie de Gestapo bolivariana. Nesta quinta-feira (25), o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, que chegou ao cargo na esteira do “quem indicou”, não por causa da competência, disse que a Polícia Federal é um órgão de Estado. Pois bem, a “companheirada” precisa decidir se a PF é uma polícia de governo ou de Estado, pois do jeito que está não há como saber.
A afirmação de Cardozo surgiu em meio a uma declaração do próprio ministro a jornalistas, fazendo referência à ação da Polícia Federal contra Edison Lobão Filho, senador da República e candidato do PMDB ao governo do Maranhão. “Pouco importa se as pessoas que cometem ilícitos são amigos ou inimigos dos que governam. Pouco importa se aquela pessoa que descumpre a lei tem um poder econômico ou tem poder político, ou se é um simples operário. A polícia republicana tem essa dimensão. É um órgão de Estado. Um governo que respeita uma polícia de Estado se limita a estabelecer diretrizes e não interfere no seu cotidiano”, disse José Eduardo Cardozo.
Questionado sobre que seria o destinatário de tal declaração, Cardozo emendou: “Na verdade, a Polícia Federal é uma polícia de Estado que age dentro de diretrizes governamentais, mas com autonomia. Às vezes as pessoas não entendem isso, às vezes acham que quando aliados do governo são investigados o ministro da Justiça perdeu o controle da polícia. Quando são adversários investigados, a Polícia Federal está sendo instrumentalizada. Não é nada disso. A Polícia Federal cumpre a lei e a Constituição, independentemente de quem esteja envolvido na prática de possíveis atos ilícitos”.
Nove entre dez brasileiros de bem sabem que os petistas têm memória de conveniência, sintoma que acomete toda a classe política nacional. José Eduardo Cardozo dá mostras que mentir tornou-se algo corriqueiro no governo do PT, seu partido, pois a história recente aponta na direção de escândalos que a Polícia Federal, por interferência do governo, foi impedida de investigar ou de prosseguir nas diligências.
Na esperança de que Cardozo esteja sofrendo de amnésia eleitoral, que dá sinal de vida apenas para proteger alguns companheiros em situações de dificuldade, o ucho.info faz um favor ao ministro da Justiça e elenca alguns escândalos que não foram elucidados. O marqueteiro “luliano” Duda Mendonça foi preso pela Polícia Federal, em 2004, em uma rinha de galo em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O caso terminou em uma enorme e mal cheirosa pizza, porque Márcio Thomaz Bastos, que à época ocupava a pasta da Justiça, entrou em cena e protagonizou uma operação abafa. Os dois delegados federais [competentíssimos] que comandaram a operação, Antonio Carlos Rayol e Lorenzo Pompílio da Hora, foram covardemente perseguidos, mas o ministro Cardozo parece não se recordar do fato.
Em 2006, um punhado de “companheiros” de José Eduardo Cardozo envolveu-se em um escândalo que ficou nacionalmente como “Dossiê dos Aloprados”. Petistas que tentavam bombardear as campanhas dos tucanos José Serra e Geraldo Alckmin, candidatos ao governo de São Paulo e à Presidência da República, respectivamente, foram flagrados pela PF com R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo, soma que seria utilizada para pagar um conjunto de documentos apócrifos contra o PSDB. O dinheiro foi apreendido pelos policiais, mas até hoje, passados oito anos, ninguém se apresentou como dono da bolada. O delegado que investigava o caso foi afastado a mando do então presidente Lula, até porque a PF é um órgão de governo. Por certo o ministro Cardozo também não se recorda deste fato.
Em 2012, em dezembro, uma a Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, flagrou ninguém menos que Rosemary Noronha em um esquema criminoso de tráfico de influência e venda de pareceres de órgãos federais. Rose, como é conhecida a mulher que se apresentava aos interlocutores como sendo da namorada de Lula, chefiava o escritório da Presidência na cidade de São Paulo. Por conta da intimidade horizontal com Lula, a Marquesa de Garanhuns exigiu um batalhão de advogados, todos financiados pela direção do PT. Enquanto a defesa de Rose cuidava dos detalhes e tratava de blindar a concubina de Lula, a PF foi orientada a tirar o pé do acelerador. E a investigação simplesmente caiu na vala do esquecimento, até porque se tivesse avançado a República já teria implodido. E mais uma vez o ministro Cardozo não deve se recordar do episódio.
Dessa tríade de escândalos surge uma conclusão que nem de longe é precipitada. O ministro José Eduardo Cardozo poderia comprar um divã em sociedade com a “companheira” Dilma, não sem antes contratar um psicanalista para tratar da dupla. Afinal, mitomania, dependendo do grau, tem cura. Em tempo: se nos três casos acima citados a PF agiu como órgão de Estado, que Cardozo explique o que é polícia de governo.