Dois meses após o fim da Copa, “legado” do mundial resume-se a obras atrasadas e abandonadas

(Ilustração: Mário Alberto)
(Ilustração: Mário Alberto)
Muito para nada – O atraso em obras que deveriam ter sido entregues para a Copa do Mundo, em junho passado, comprova a falta de planejamento e a morosidade nos empreendimentos do governo federal, temas que têm merecido espaço no ucho.info ao longo dos últimos anos. No balanço geral da Copa, o legado do mundial para os brasileiros foi quase nulo graças à ingerência petista. Dois meses após o fim do evento, inúmeras obras permanecem abandonadas e outras esbarram em problemas.

Boa parte dos empreendimentos para a Copa, especialmente os de mobilidade urbana, não ficou pronta e praticamente parou. Com muita sorte e doses extras de eficiência os empreendimentos podem ficar prontos para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. O jornal “O Estado de S. Paulo” fez um levantamento com obras que somam R$ 3,2 bilhões em investimentos. A situação é desanimadora. Enquanto algumas sequer têm previsão de conclusão, outras estão abandonadas. De acordo com Controladoria-Geral da União, que monitora 324 ações voltadas para o mundial, 67,3% dos R$ 25 bilhões previstos foram desembolsados. O restante (32,7%) se refere às não concluídas.

“Não há nenhum planejamento. Esse é um governo completamente desorganizado. Isso faz com que as obras encareçam pela lentidão, fruto da desorganização”, destacou o deputado federal César Colnago (PSDB-ESP, ao lembrar que inúmeras dessas ações foram apontadas como irregulares. Em sua avaliação, é lamentável que o povo brasileiro tenha visto o país perder uma grande oportunidade de investir em um legado para o futuro.

“O povo brasileiro não teve praticamente nenhum legado da Copa, seja na área do transporte ou da mobilidade urbana, afinal ficou tudo por concluir, a não ser os estádios”, afirma o parlamentar tucano.

Alguns dos principais exemplos de ações inconclusas estão em Cuiabá. O aeroporto, que não teve as obras de ampliação e reforma terminadas, viu parte do teto desabar após algumas chuvas. O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da capital mato-grossense só alcançou 40% da execução física. Em Manaus, outro aeroporto inconcluso. No Recife a morosidade se deu com o BRT que deveria estar pronto em março, mas só tem 14 das 45 estações dos eixos norte-sul e leste-oeste em funcionamento.

Dos doze estádios construídos especialmente para a Copa do Mundo, pelo menos quatro foram considerados “elefantes brancos” desde o projeto. São eles: Mané Garrincha (Brasília), Arena Pantanal (Cuiabá), Arena Amazônia (Manaus) e Arena das Dunas (Natal). Em dado momento, quando os estádios ainda estavam em construção, autoridades sugeriram que algumas arenas poderiam ser transformadas em presídios.

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