Marina Silva terá de decidir entre a coerência do discurso de mudança ou a controversa alma petista

dilma_aecio_02Hora da verdade – Terceira colocada na corrida ao Palácio do Planalto, Marina Silva anunciou que nos próximos dias decidirá sobre o apoio a algum candidato no segundo turno da eleição presidencial ou se permanecerá neutra. Após não suportar os covardes golpes desferidos por Dilma Rousseff e sua turba, Marina não sabe se segue a coerência do discurso de campanha ou abre caminho para sua alma petista. A candidata do PSB afirmou que a decisão sairá de reunião com todos os partidos da coligação, mas parte das legendas já sinaliza apoio ao tucano Aécio Neves.

Um eventual apoio de Marina a esse ou aquele candidato será fruto de considerável queda de braços, pois há um cipoal de detalhes nos bastidores que pode interferir na decisão. O primeiro deles, já destacado, é o DNA petista de Marina Silva. Ela foi fundadora do PT e é muito ligada a Luiz Inácio da Silva, a quem serviu como ministra. O segundo detalhe é que parte do PSB não digeriu os ataques de Dilma, especialmente por causa da avalanche de mentiras. Candidato a vice na chapa de Marina Silva, o gaúcho Beto Albuquerque já destilou o seu desejo de dar o troco em Dilma. E Albuquerque deve ser acompanhado pela maioria dos correligionários do PSB.

O terceiro detalhe é que o atual presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, que assumiu o cargo com a morte de Eduardo Campos, reza pela cartilha de Lula, a quem também serviu como ministro de Ciência e Tecnologia, no primeiro governo do agora lobista derrotado. Apesar disso, a decisão de Amaral não tem força suficiente para influenciar o partido.

Por outro lado, emoldurando o quarto detalhe, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, que na Câmara dos Deputados integra o bloco de oposição a Dilma Rousseff, já anunciou a disposição do partido de apoiar o candidato tucano. Essa diretriz será levada à reunião do PPS, marcada para terça-feira (7), em Brasília.

Marina evitou alianças com o PSDB em muitos estados, inclusive em São Paulo, o que só aconteceu na reta final da eleição e com muita discrição. Acontece que na candidatura que deu a reeleição ao tucano Geraldo Alckmin, o vice-governador eleito é Márcio Franca, que integra a cúpula nacional do PSB. Para completar, no maior colégio eleitoral do País, São Paulo, a candidata petista sofreu uma derrota acachapante.

A grande questão nesse caso é que Marina Silva precisa agarrar-se à coerência para manter sua liderança, pois se insistir na tese “ou venço, ou nada feito”, sua participação no cenário político nacional tende a diminuir. Ademais, Marina não pode ignorar o recado das urnas, que clamaram por mudanças. Tanto é assim, que Dilma Rousseff, que consegue enxergar o falso desejo de continuidade da população, teve apenas 41,59%. Para quem tem a máquina estatal à disposição, a caneta presidencial nas mãos e a chave do cofre, a participação de Dilma no primeiro turno foi uma fragorosa derrota para o PT.

apoio_04