Muito para nada – Ex-presidenciável do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Marina Silva fracassou, ainda no primeiro turno, em sua tentativa de chegar ao Palácio do Planalto, depois de estar bem situada nas pesquisas eleitorais, algo que só foi possível por causa da comoção que tomou conta do País após a trágica morte de Eduardo Campos.
Com um desempenho nas urnas pouco acima do registrado eleição de 2010, quando conseguiu 20 milhões de votos, Marina tenta sobreviver politicamente fazendo imposições a Aécio Neves, condição básica para apoiar, no segundo turno, o candidato do PSDB à Presidência da República. Como afirmou o ucho.info logo após o primeiro turno, o eventual apoio de Marina tem tudo para ser mero sonho de uma noite de verão, pois a ex-candidata continua apostando na fórmula “ou venço, ou nada feito”.
Sem ter conseguido até agora registrar na Justiça Eleitoral o próprio partido, a Rede Sustentabilidade, o que a obrigou a fazer do PSB uma espécie de “barriga de aluguel”, Marina Silva não pensa em apoiar Aécio apenas porque a sociedade exige mudanças e o fim da era PT, mas porque luta para não encolher politicamente. E isso é o que se pode classificar como um coquetel de egoísmo com egocentrismo.
Entre os pontos que exige que o candidato tucano insira em seu programa de governo, Marina destaca o recuo de Aécio em relação ao projeto da redução da maioridade penal, o fim da reeleição, a retomada da política de demarcação de terras indígenas e unidades de conservação, metas de assentamento para reforma agrária, educação em tempo integral, passe livre para estudantes de escolas públicas e 10% do orçamento da União para gastos com a saúde. Ou seja, ao exigir que Aécio mude o plano de governo, Marina quer governar mesmo sem ter sido eleita.
Porta-voz da Rede, o ex-tucano Walter Feldman disse que o candidato do PSDB precisa adotar uma “flexão social”, em referência ao conjunto de imposições de Marina Silva. O porta-voz lembrou que Lula adotou uma “flexão econômica” ao reconhecer que o Plano Real era o caminho. É importante lembrar que há uma enorme diferença entre aceitar sem esforço aquilo que é lógico e querer impor a força o que depende não apenas da vontade de um candidato, mas de intensas negociações com o Parlamento.
Presunçosa, Marina Silva lamenta que a polarização entre PSDB e PT mais uma vez impediu o que ela chama de possibilidade real de mudança. Marina não é uma estreante na política e como ex-integrante e fundadora do Partido dos Trabalhadores sabe como a legenda opera nos bastidores e longe do mesmo. Fato é que Marina e seu staff de campanha não conseguiram transformar em realidade as reivindicações que tomaram conta das ruas em junho e julho de 2013, no rastro de protestos marcados por violência e destruição.
Aliás, a proposta do passe livre foi gestada por partidos de esquerda que gravitam na órbita do PT, mas que saiu de cena porque os atuais donos do poder não desejavam inserir o tema na discussão eleitoral, pois sabem que o cumprimento das promessas é bem mais difícil e complexo do que parece. Afinal, o Poder Executivo, como um todo, é obrigado a se submeter à Lei de Responsabilidade Fiscal, o que engessa os governos pelo Brasil afora em termos de investimentos.
Não se trata de ser contra a proposta do passe livre, mas é preciso reconhecer que a viabilização de tal proposta tira recursos de outras áreas. Com o Estado cada vez mais comprometido com o pagamento dos servidores, que incham a máquina pública de forma assustadora, é praticamente impossível incensar uma ideia como essa. Se a população aceitar a ideia de que perdas ocorrerão em algum setor, não há problema algum em seguir adiante. Do contrário, é preciso que os políticos parem de brincar de “faz de conta”.