Lava-Jato: doleiro Youssef detalha pressão para indicação de Paulo Roberto Costa e detona o PT e Lula

lula_364Efeito explosivo – No depoimento que prestou ao juiz federal Sérgio Moro, na quarta-feira (8), em Curitiba, o doleiro Alberto Youssef disse que políticos envolvidos na nomeação de Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da Petrobrás trancaram a pauta do Congresso por noventa dias, como forma de pressionar o então presidente Luiz Inácio da Silva a efetivar a nomeação.

A assessoria de imprensa do ex-presidente, agora lobista de empreiteira, informou que Lula não se manifestará sobre “vazamentos parciais de um processo em andamento”, mas seu staff ignora o fato de que o processo da Operação Lava-Jato não corre em segredo de Justiça, por isso as informações do mesmo são públicas. O conteúdo dos depoimentos de Costa e Youssef foi liberado pelo próprio juiz Moro.

Em relação à nomeação de Costa, a pressão exercida sobre Lula ficou a cargo do então deputado federal José Janene (PP-PR), que não escondia de ninguém a forma de tratar o outrora presidente da República. Em Londrina, onde funcionava o seu quartel-general, Janene não economizava palavras de baixo calão para externar sua impaciência com a demora na nomeação de Costa. Certa feita, na Câmara dos Deputados, diante de diversos parlamentares e do editor do site, Janene usou o termo “filho da puta” para se referir ao ex-metalúrgico.

“Tenho conhecimento que para que Paulo Roberto Costa assumisse a cadeira de diretor de Abastecimento esses agentes políticos trancaram a pauta no Congresso durante 90 dias. Na época era o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou louco, teve que ceder e realmente empossar o Paulo Roberto diretoria de Abastecimento”, revelou formalmente ao juiz federal Moro, no processo de desvios e lavagem de dinheiro nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco – iniciada em 2008, com escandaloso superfaturamento e ainda não concluída.

De acordo com o doleiro, as reuniões aconteciam nas casas de políticos, onde eram lavradas atas sobre o esquema de caixa 2 que irrigou partidos políticos (PP, PT e PMDB) e diversas campanhas eleitorais em 2010. “Fazíamos reuniões em hotéis, no Rio ou em São Paulo ou na própria casa do agente político que primeiramente comandava esse assunto na área de Abastecimento. Nessas reuniões eram feitas atas de discussão”, disse Youssef. O agente político a que Youssef se refere no depoimento era José Janene, que além de sócio era compadre do doleiro.

O doleiro afirmou que diariamente se reunia com Costa e com os agentes políticos. “Eu não fui o criador dessa organização. Eu apenas fui a engrenagem para que se pudesse haver o recebimento e os pagamentos ao agentes públicos”.

A ingerência de Janene na Petrobras era tão grande, que logo após a eclosão do Mensalão do PT o então deputado tentou trocar um cargo na diretoria internacional da Petrobras pelo silêncio de um respeitado e honesto assessor parlamentar, que sabia muito mais do que o governo e seus aliados gostariam. O tal assessor revelou ao editor do ucho.info não apenas tudo o que sabia a respeito do Mensalão do PT, mas a oferta espúria feita por José Janene por intermédio de um conhecido senador, que hoje concorre ao cargo de governador.

O PT, por sua vez, acusado pelo doleiro Alberto Youssef, começa a ameaçar de forma indireta e inominada os veículos de comunicação que noticiam os depoimentos na órbita da Operação Lava-Jato, desconhecendo o fato, já mencionado, de que o referido processo judicial não corre sob segredo de Justiça. Por tanto, os depoimentos não foram vazados, como sugere o partido.

É compreensível que, em pleno segundo turno da corrida presidencial, o PT insista em negar envolvimento com o escândalo de corrupção, assim como luta para minimizar os efeitos dos depoimentos na campanha da candidata Dilma Rousseff, mas não se pode fechar os olhos para o que muitos estão a confirmar. Ademais, a delação premiada de Paulo Roberto Costa não foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal por ser carente de provas. “Diante de tantas acusações infundadas, o secretário de Finanças vai processar civil e criminalmente aqueles que têm investido contra sua honra e reputação”, destaca o PT em nota.

apoio_04