Suspeita de caso de ebola no Brasil não pode servir de cortina de fumaça para epidemia de corrupção

(Fábio Motta - Estadão)
(Fábio Motta – Estadão)
Pegando carona – Recentemente, o governo federal afirmou que não havia qualquer possibilidade de a epidemia de ebola chegar ao Brasil. Discurso idêntico foi adotado por Lula, no final de 2008, para minimizar os efeitos da crise econômica internacional, a tal da “marolinha”. A crise chegou com força total nessa louca terra de Macunaíma, assim como surgiu em terras verde-louras a primeira suspeita de um caso de ebola.

Na quinta-feira (9), em Cascavel, um guineense de 47 anos passou por exames na importante cidade do interior paranaense e, após comunicação do governo do Paraná ao Ministério da Saúde, foi transferido para o Instituto Evandro Chagas, no Rio de Janeiro, onde foi colhido material para análise laboratorial com o objetivo de confirmar se o paciente é ou não portador da doença que vem tirando o sono da população do planeta.

Ministro da Saúde, o petista Arthur Chioro concedeu entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (10), em Brasília, e defendeu as medidas de prevenção adotadas pelo governo brasileiro. Chioro disse que o sucesso da operação de isolamento e transporte do guineense ao Rio de Janeiro é resultado da integração do governo federal e da prefeitura de Cascavel. O ministro destacou que o paciente desembarcou no Brasil pelo Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, pediu refúgio em Santa Catarina e foi internado no Paraná.

A notícia sobre a suspeita de um caso de ebola surge no mesmo dia em que o Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, afirma que, embora reduzido, há o risco de o Brasil registrar um caso da doença. Na manhã desta sexta-feira, Barbosa garantiu que o sistema de vigilância montado era adequado e que instituições de saúde estavam em treinamento constante para identificar casos suspeitos e para adotar as medidas de segurança necessárias.

Ora, se o sistema de vigilância é adequado, o guineense deveria ter se submetido a um processo de detecção ainda no Aeroporto de Guarulhos, ação que é de responsabilidade da vigilância sanitária. Fora isso, o governo federal deve implantar um rígido sistema de triagem nos aeroportos, portos e fronteiras do País.

As autoridades têm o dever de se preocupar com o tema, dando as devidas explicações à população, mas o caso em questão não pode ser transformado em um troféu do PT, no momento em que o partido está sendo acusado de participação direta no esquema de corrupção que funcionava a partir de algumas diretorias da Petrobras.

Ao longo dos últimos quase doze anos, o PT sempre tentou ofuscar escândalos de corrupção com notícias positivas, em especial sobre a descoberta de novas reservas petrolíferas. Como a Petrobras vive um período de conturbado período de inferno astral, esse tipo de desculpa perdeu forças e, agora, poderá ser substituído pela suposta competência do governo para derrotar o ebola.

Aguardemos Lula, o Messias tropical, que não demorará muito para surgir em cena com alguma alcunha para o vírus do ebola, assim como fez com a crise internacional. A única declaração que o lobista de empreiteira não poderá fazer é que o ebola é marolinha, pois milhares já morreram por causa da doença. Mas não custa lembrar que Lula acredita ser a divindade máxima do universo.

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