Estados Unidos enviam armas pelo ar a combatentes curdos em Kobane

estado_islamico_27 (k. pfaffenbach - reuters)Entrega em domicílio – Pela primeira vez, os militares dos Estados Unidos lançaram do ar, nas imediações de Kobane, armas, munição e suprimentos médicos para os curdos que lutam contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI) naquela cidade síria situada na fronteira com a Turquia. Os curdos sírios confirmaram nesta segunda-feira (20/10) o recebimento do material.

O porta-voz das Unidades de Proteção Popular (YPG) Boulat Jan disse à agência curda Welati que “uma grande quantidade de armas e munição chegou a Kobane”. Outro porta-voz das YPG, Redur Xelil, agradeceu o apoio dos EUA e afirmou que espera novos fornecimentos.

“Sem dúvida, a chegada das armas mudará o curso dos combates”, comentou Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio para os Direitos Humanos. Ele informou que foram fornecidas armas leves e de médio porte, metralhadoras, armas antitanques, munições e suprimentos médicos.

O comando militar dos EUA, Centcom, informou sobre “vários” voos bem-sucedidos de fornecimento, realizados por um avião de transporte do tipo C-130. O material, incluindo armas de pequeno porte, foi fornecido pelas autoridades curdas do Iraque. O Centcom parte do princípio que o material vai possibilitar aos combatentes curdos continuarem resistindo contra a milícia jihadista EI.

Fornecimento pode irritar Ancara

Kobane vem sendo palco de intensos combates entre os radicais islâmicos e a resistência curda. A aliança militar liderada pelos EUA bombardeia há semanas posições do EI na cidade. No fim de semana, houve, de acordo com o Centcom, onze novos ataques aéreos.

Os militares americanos computam um total de 135 ataques aéreos da aliança internacional contra o EI em Kobane. A seu ver, há indícios de que, combinados à resistência das forças curdas em solo, os ataques dificultaram o avanço dos jihadistas na cidade, ao matar centenas de combatentes do EI e destruir diversos equipamentos e posições dos radicais sunitas.

O fornecimento de armas aos curdos pelos Estados Unidos pode vir a irritar o governo turco. Ainda no domingo, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, reiterou sua rejeição a armar os combatentes curdos na Síria. O partido curdo sírio PYD, cujo braço armado luta em Kobane luta contra o EI seria, segundo ele, um “grupo terrorista”, assim como o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), proibido na Turquia.

Temia-se que o fornecimento de armas aos curdos pelos Estados Unidos pudesse vir a irritar Ancara. Ainda no domingo, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, reiterou sua rejeição a armar os combatentes curdos na Síria. O partido curdo sírio PYD, cujo braço armado luta em Kobane contra o EI seria, segundo ele, um “grupo terrorista”, assim como o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), proibido na Turquia.

Mudança de estratégia

Entretanto, nesta segunda-feira, o governo da Turquia parece ter mudado de estratégia. O ministro do Exterior turco, Mevlut Cavusoglu, disse que o país está ajudando combatentes curdos peshmerga a atravessar a fronteira para se unirem à batalha contra o EI em Kobane.

Cavusoglu disse que a Turquia não quer ver a cidade fronteiriça nas mãos dos jihadistas. “Estamos cooperando com a coalizão [internacional]. Queremos nos ver livres de todas as ameaças na região”, disse o ministro, que, porém, não comentou o fornecimento de armas pelos EUA.

A ajuda dos combatentes peshmerga pode fazer grande diferença do lado curdo, que vem contando com o apoio dos ataques aéreos e agora também dos suprimentos internacionais.

Cooperação melhorou ataques

Os militantes curdos resistem há quase cinco semanas aos ataques dos jihadistas do EI em Kobane e conseguiram no domingo entrar na parte oriental da cidade, ocupada pelo EI, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.

Uma cooperação mais estreita entre curdos e a aliança militar internacional aparentemente ajuda a deter o avanço do EI em Kobane. “Houve na última semana intensas trocas de informações entre ambos os lados”, disse Rami Abdel Rahman, do Observatório Sírio. “Assim, a coalizão foi capaz de almejar mais diretamente posições do EI em Kobane”. (Com agências internacionais)

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