Pode parar – Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR) promete apresentar nesta terça-feira (21) requerimento de indicação na Mesa Diretora em que pede ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que determine ao Banco do Brasil o imediato cancelamento de empréstimo irregular à socialite Val Marchiori, dublê de apresentadora de televisão. O pedido de Bueno baseia-se em reportagem publicada pelo jornal “Folha de S. Paulo”. De acordo com a reportagem, o financiamento a Marchiori, que é amiga íntima do presidente do BB, Aldemir Bendine, foi realizado sob “condições especiais” e violando todas as normas do banco.
De acordo com a denúncia, apesar de Val Marchiori ter restrições de crédito por não ter quitado dívida anterior e de o comprovante de renda ter sido a receita da pensão alimentícia dos dois filhos, lhe foram concedidos R$ 2, 7 milhões de uma linha de crédito subsidiada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a juro de 4% ao ano, bem abaixo da inflação. A socialite tem prazo de cinco anos para quitar a dívida.
O financiamento foi realizado em nome da Torke Empreendimentos, mas o dinheiro foi usado para sublocar os caminhões para a empresa do irmão de Val, a Veloz Empreendimentos. Os avalistas, o irmão e a cunhada da apresentadora, também não apresentaram comprovante de renda.
“Isso é um escândalo deste governo do PT. À medida que as pequenas empresas têm dificuldades para conseguir empréstimos, o dinheiro público (do BNDES) é usado para financiamentos customizados, para favorecer a amiga pessoal do presidente da instituição. A população brasileira deveria ir para a porta de todas as agências do banco para exigir empréstimos na mesma condição. Duvido que o banco libere”, criticou Rubens Bueno.
O parlamentar pediu também a punição dos responsáveis pela operação ilegal, além de providências para a devolução do dinheiro. “Quando esse absurdo é realizado na empresa privada, o funcionário perde o emprego. O senhor Bendine, pelo visto, foi o autor de toda essa bandalheira, que coloca uma instituição respeitável como o Banco do Brasil sob suspeita”, afirmou o líder do PPS.
Dito pelo não dito
Bendine negou ao jornal ser amigo de Val Merchiori, mas seu ex-motorista do Banco do Brasil, Sebastião Ferreira da Silva, revelou ter buscado várias vezes a socialite a pedido do presidente da instituição.
Sebastião já fez várias denúncias de irregularidades cometidas por Bendine. Em um dos depoimentos ao Ministério Público, de acordo com a Folha, o motorista teria dito que já fez vários pagamentos em “dinheiro vivo” a mando de Aldemir Bendine. “Ferrerinha”, como é conhecido, teria conduzido o presidente do BB com uma sacola com “mações” de R$ 100. O dinheiro seria um empréstimo a Marcos Fernandes Garms, amigo e irmão-camarada de Bendine.
