Envolvida no Petrolão, Gleisi pode ser para Dilma o fardo político que José Dirceu foi para Lula

gleisi_hoffmann_67Pedra no sapato – Durante três anos, Gleisi Hoffmann ocupou a chefia da Casa Civil do governo da “companheira” Dilma Rousseff, dispondo de amplos poderes e da confiança da presidente. Essa proximidade deve se tornar um dos grandes problemas de Dilma, reeleita por margem mínima de votos em um país dividido entre o desejo de mudança e a continuidade burra. O Brasil quer respostas sobre o escândalo de corrupção na Petrobras, o Petrolão, em que Gleisi está diretamente envolvida. De acordo com revelação do delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, divulgada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, Gleisi recebeu, em um shopping localizado no centro de Curitiba, R$ 1 milhão, em dinheiro vivo, dividido em quatro parcelas de R$ 250 mil.

Gleisi pode se transformar em um fardo político para Dilma tão grande quanto foi José Dirceu, o “capitão do time”, para Lula. Então chefe da Casa Civil de Lula, Dirceu foi apontado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, como chefe da quadrilha e mentor de uma sofisticada organização criminosa, mas jamais teve comprovado vínculo direto com o esquema de corrupção que ficou nacionalmente conhecido como Mensalão do PT. O ex-diretor da Petrobras afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal que a quantia de R$ 1 milhão, desviada da estatal, foi repassada para a campanha de Gleisi ao Senado Federal, em 2010. Ou seja, a senadora, que despachou durante três anos há poucos metros do gabinete presidencial, foi diretamente beneficiada pelo Petrolão.

Segundo o delator, ele teria recebido o pedido do doleiro Alberto Youssef para “ajudar na candidatura” de Gleisi. Costa e Youssef foram presos pela operação Lava Jato, da Polícia Federal, acusados de comandar um esquema de corrupção envolvendo contratos da Petrobras que servia para o pagamento de propinas e financiamento de campanha de políticos do PT e de partidos da base do governo Dilma Rousseff. Após a prisão, eles decidiram fazer um acordo de delação premiada com o MPF para reduzir suas penas.

Paulo Roberto Costa, em um de seus depoimentos, disse que recebeu um pedido do doleiro Alberto Youssef para “ajudar na candidatura” de Gleisi. Costa e Youssef foram presos na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, acusados de comandar um carrossel de corrupção envolvendo contratos da Petrobras, esquema criminoso que servia para o pagamento de propinas e financiamento de campanhas políticas do PT e de partidos da chamada base aliada, como PMDB e PP. Após a prisão, ambos decidiram fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal na esperança de reduzir futuras penas.

O ex-diretor da estatal lembrou ainda que, em 2010, o marido de Gleisi, Paulo Bernardo da Silva, comandava o Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Naquele ano, a petista concorreu ao governo do Paraná e terminou a disputa na terceira colocação, com 14,9% dos votos.

Costa disse também que o repasse de R$ 1 milhão para a campanha da senadora pode ser comprovado por uma anotação que ele próprio lançou em sua agenda pessoal, apreendida pela PF no dia 20 de março passado, três dias após a deflagração da Operação Lava-Jato. Em uma página do caderno do ex-diretor da estatal consta, entre outras anotações, o seguinte registro: “PB 0,1”. O delator explicou que o registro significa “Paulo Bernardo, R$ 1 milhão”. Importante quadro do PT, Paulo Bernardo ocupa, desde 2011, o cargo de ministro das Comunicações, por indicação de Dilma, que por sua vez cumpriu ordens de Lula.

Os investigadores da Operação Lava-Jato tiveram a confirmação de que a quantia de R$ 1 milhão destinada à campanha de Gleisi Hoffmann teria sido entregue em espécie, em Curitiba. De acordo com o Estadão, Costa já concluiu o processo de delação, após sucessivos depoimentos a um grupo de procuradores da República.

O ex-diretor da Petrobrás disse que o dinheiro para a campanha de Gleisi saiu de uma cota equivalente a 1% sobre o valor de contratos superfaturados da Petrobras. Tal quantia, afirmou Costa, era da “propina do PP”, partido da base aliada ao governo Dilma e que foi presidido pelo deputado federal José Janene (PR), morto em 2010. Janene foi líder do PP na Câmara dos Deputados e réu na Ação Penal 470 (Mensalão do PT) no Supremo Tribunal Federal.

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