Olho da rua – Atolado em denúncias das mais variadas na esteira do “Petrolão”, carrossel de corrupção que funcionava na Petrobras, e com alguns dos caciques condenados na Ação Penal 470 (Mensalão do PT) e cumprindo pena de prisão, o Partido Progressista tenta reverter o inferno astral com algumas medidas radicais que não combinam com o atual status da legenda. Isso porque o carimbo da corrupção manchou ainda mais o couro nada puritano do partido que já foi Arena, PDS, PPB e finalmente PP.
Em São Paulo, mais rica e importante unidade da federação, os atuais próceres do PP decidiram encurtar o território político ocupado por Paulo Salim Maluf, condenado pela Justiça norte-americana e impossibilitado de deixar o País sob pena de ser preso pela Interpol. Nos últimos anos, o PP passou a engrossar a chamada base de apoio ao governo do PT, algo inimaginável em tempos pretéritos. A primeira evidência explícita desse estranho “casamento” surgiu ainda em 2004, quando, na disputa pela prefeitura de São Paulo, Maluf não teve problemas para apoiar, no segundo turno, a então prefeita Marta Suplicy, que buscava a reeleição e acabou derrotada pelo tucano José Serra.
Nas eleições deste ano, mesmo com o registro da candidatura suspenso pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa, o polêmico Paulo Maluf deixou de apoiar Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São Paulo, para juntar-se à campanha do peemedebista Paulo Skaf, que também participava da corrida ao Palácio dos Bandeirantes. A mudança de Maluf, que deixou a campanha petista para apoiar Skaf, causou enorme irritação na cúpula do PT, que lutou até o último instante para que o desempenho de Padilha nas urnas não fosse um rumoroso fiasco, como e fato acabou acontecendo.
Se no primeiro momento Paulo Maluf não viu qualquer problema em mudar de lado, na sequência o PT pensou em como dar o troco no caso de eventual vitória de Dilma Rousseff. Com a petista reeleita, os caciques petistas começaram a agir nos bastidores para de alguma maneira punir o PP, mesmo que isso significasse a perda de espaço na composição da equipe ministerial do próximo governo.
Considerando que o Partido Progressista já sinalizou ao palácio do Planalto que pretende, a partir de 2015, manter seu feudo político no novo governo Dilma (leia-se Ministério das Cidades), a direção estadual do partido em São Paulo decidiu que o melhor, para manter os interesses da legenda, é descartar Paulo Maluf, ou seja, dar cartão vermelho ao ex-prefeito paulistano. Isso significa que a partir do próximo ano Maluf ficará sem legenda, será um maior abandonado na seara política. Vale lembrar que há dias o PP destituiu Maluf da presidência do partido em São Paulo.
O currículo de Maluf mostra que ele, na maioria das vezes, sai atirando quando pressionado, quase sempre mesclando acusações graves com sua folclórica ironia. Paulo Maluf sabe muito mais sobre o PP e seus dirigentes do que muitos gostariam. Fora isso, ele tem boa relação política com o ex-presidente Lula, a quem ajudou na eleição de Fernando Haddad, na cidade de São Paulo. É esperar para ver.